O presidente da República, Jair Bolsonaro, sugeriu, neste sábado, 31, que pode adiar o envio da indicação ao Congresso do nome do seu filho, deputado federal Eduardo Bolsonaro (PSL-SP), para ocupar a embaixada do Brasil nos Estados Unidos, deixando este ato para o final de setembro, após retornar da reunião da Assembleia Geral da ONU, a ser realizada em Nova York, a partir do dia 21.
"Não quero viajar para os Estados Unidos com uma derrota e isso pode acontecer", declarou o presidente, após almoço com militares. "Vou esperar o momento certo para a indicação de Eduardo para a embaixada (dos EUA)", comentou.
Bolsonaro participou de um churrasco no quartel-general do Exército, em Brasília. Pouco depois de entrar, Bolsonaro mandou os seguranças convidarem um grupo de jornalistas e motoristas da imprensa que o esperavam na porta para participar do evento.
Ele conversou por cerca de uma hora e meia com seis jornalistas. Os jornalistas não puderam gravar a conversa e foram orientados a deixarem os celulares do lado de fora.
Embora o presidente e uma parte dos seus auxiliares considere que, ao final, o nome de Eduardo Bolsonaro será aprovado pelo Congresso, o governo sabe também das dificuldades que enfrentará, principalmente, durante a sabatina, na Comissão de Relações Exteriores do Senado. O Planalto reconhece que, neste momento, as peregrinações do seu filho "03" pelos gabinetes dos senadores, ainda foram suficientes para ampliar a margem de votos que garanta sua aprovação ao posto.
O gesto de deixar a indicação do nome para depois da viagem para a ONU serviria também para evitar dar alguma demonstração de arrogância, que possa atrapalhar os planos do governo, que quer garantir seu filho no principal posto no exterior. Por isso, novas investidas junto aos senadores prosseguirão, ainda antes da ida a ONU, quando, Eduardo, mais uma vez, seguirá para os Estados Unidos, a fim de participar de reuniões do governo brasileiro com o norte-americano.
Na quinta passada, Eduardo esteve ao lado do chanceler brasileiro, Ernesto Araújo, na reunião com o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump. Este não foi o primeiro encontro dele com Trump e um novo encontro será agendado durante a viagem para a reunião da ONU. Paralelamente a isso, Eduardo Bolsonaro já avisou a diversos interlocutores, que só renunciará ao mandato de deputado se seu nome for aprovado no Senado.
A ideia é que, na volta da ONU, o presidente avalie quando será o momento exato para mandar a indicação, a fim de evitar surpresas, em relação a aprovação do nome, que o presidente sabe que pode ocorrer. Por isso, o envio do nome de Eduardo pode ficar para outubro e, enquanto isso, a embaixada continua sendo conduzida pelo encarregado de Negócios e ministro de primeira classe Nestor Forster Jr, que está à frente das funções desde que o embaixador Sérgio Amaral foi removido de posto.