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Bolsonaro e Moro trocam afagos

Em cerimônia com trocas de gentilezas entre o presidente Jair Bolsonaro e o ministro da Justiça, Sérgio Moro, o governo lançou, ontem, o projeto Em Frente, Brasil, de combate à criminalidade. O projeto-piloto será implementado nas cidades com mais crimes violentos nas cinco regiões do país: Ananindeua (PA), Paulista (PE), Cariacica (ES), São José dos Pinhais (PR) e Goiânia. Serão investidos R$ 20 milhões na iniciativa ; R$ 4 milhões para cada cidade ; ao longo de seis meses.

Moro, chamado por Bolsonaro no lançamento de ;patrimônio nacional;, disse que o Ministério da Justiça desenvolveu o projeto seguindo orientação do presidente sobre a necessidade de diminuir os crimes violentos no país.

;A criminalidade vem se reduzindo e não tem o devido destaque na imprensa;, reclamou. Segundo ele, essa diminuição foi de 20% nos primeiros quatro meses de 2019.

Os afagos trocados entre dois antes, durante e depois de cerimônia no Palácio do Planalto, diz muito sobre a atual relação entre os dois. Pessoas próximas afirmam que eles se encontraram a portas fechadas, na sexta-feira, para colocar os desconfortos a panos limpos. Depois disso, a relação melhorou.

A amigos e aliados, Moro negou qualquer possibilidade de abandonar o cargo. Disse que não abandonou 22 anos de magistratura para viver uma aventura no governo federal. Tampouco se disse incomodado em relação ao tom usado por Bolsonaro nas declarações de quinta-feira da semana passada. Na ocasião, o presidente afirmou à imprensa que o diretor-geral da Polícia Federal, Maurício Valeixo, é subordinado a ele, não a Moro.

O que, de fato, incomodou Moro, foi o sentimento de falta de confiança. Ele conhece o jeito de Bolsonaro se expressar, mas questionou-se sobre a confiabilidade do presidente nele. ;O ministro teve a impressão de que o presidente não confia nele. Esse é o ponto. Pediu para conversar com o Jair para ter certeza se há essa confiança, que, para Moro, é primordial. Os dois sentaram e conversaram e viram que era tudo burburinho. Os dois se entenderam, e a conclusão feita por eles é de que tem gente tentando fritar um para o outro;, afirmou uma aliada de ambos. ;Por isso, na cerimônia de hoje (ontem), o ministro fez questão de atribuir coisas que fez ao presidente, e vice-versa;, acrescentou. (Colaborou Bernardo Bittar)

Eduardo vai aos Estados Unidos
O presidente Jair Bolsonaro disse que o filho, o deputado federal Eduardo Bolsonaro (PSL-SP), vai viajar com o chanceler Ernesto Araújo aos Estados Unidos, onde a comitiva brasileira deve se reunir com o presidente americano, Donald Trump. A viagem reacende a discussão sobre a possibilidade de o parlamentar assumir a embaixada do Brasil em Washington, por indicação do pai. O país recebeu o aval dos Estados Unidos para a nomeação de Eduardo. O nome dele, porém, ainda não foi enviado ao Senado, que terá de sabatiná-lo.