Jornal Correio Braziliense

Politica

Bolsonaro condiciona aceitação de recursos do G7 a retratação de Macron

Presidente disse que, primeiro o mandatário francês pede desculpas a ele por tê-lo chamado de mentiroso e por sugerir a internacionalização da Amazônia, e, depois, ele decide

O presidente Jair Bolsonaro desautorizou o ministro-chefe da Casa Civil, Onyx Lorenzoni, e afirmou que o governo não abdicou dos 20 milhões de euros (cerca de R$ 91 milhões) anunciados na segunda-feira (26/8) pelo presidente da França, Emmanuel Macron. Explicou que, primeiro o mandatário francês pede desculpas a ele por tê-lo chamado de mentiroso e por sugerir a internacionalização da Amazônia, e, depois, ele decide se aceita ou não o aporte.

As declarações foram feitas na manhã desta terça-feira (27/8), na saída do Palácio da Alvorada. Prontamente questionado por que o governo recusou a ajuda do G7, com base em decisão informada, nessa segunda-feira (26/8), pelo ministro-chefe da Casa Civil, Onyx Lorenzoni, Bolsonaro tratou de negar a informação. ;Eu falei isso? Eu falei isso?;, indagou. ;Primeiramente, o senhor macron deve retirar os insultos que fez à minha pessoa. Primeiramente, me chamou de mentiroso. Depois, as informações que tive, disse que nossa soberania está em aberto na Amazônia;, declarou.

O presidente francês não se manifestou nos termos de interferir diretamente na soberania brasileira da Amazônia. Comentou que associações, Organizações Não-Governamentais (ONGs) e ;certos atores jurídicos internacionais; levantaram o debate sobre a possibilidade de ;definir um status internacional da Amazônia;. Macron sustentou não ser, por ora, uma iniciativa do G7, mas frisou que é algo a se pensar caso um Estado soberano tome de maneira ;clara e concreta medidas que se opõem ao interesse de todo o planeta;.

A interpretação feita por Bolsonaro e pelo governo é uma flagrante afronta à soberania brasileira. ;Para conversar ou aceitar qualquer coisa da França, que seja das melhores intenções possíveis, ele vai ter que retirar essas palavras e daí a gente conversa;, alertou o presidente da República. ;Primeiro ele retira (os comentários sobre a internacionalização da Amazônia), depois ele oferece (os recursos), depois eu respondo;, ressaltou.

Surpresa

O capitão reformado comentou que a imprensa terá uma ;surpresa; nesta terça, às 10h, quando Bolsonaro, ministros e governadores da região Norte se reunirão no Palácio do Planalto. ;Eu disse há poucas semanas que estavam comprando a prestações a Amazônia, não é isso? Vocês vão ter a resposta depois lá (na reunião);, avisou. Na manhã de hoje, no Twitter, ele publicou que vai abrir a ;caixa-preta; da região.
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Apesar da relutância em receber a ajuda do G7, personificado por Macron ; na leitura do governo ;, Bolsonaro admitiu que aceitará a no combate às queimadas na região Amazônica. ;Israel ofereceu uma aeronave, aceitamos. Tem o pessoal aí qualificado para esse tipo de programa;, sustentou.

Brigitte Macron

O presidente deixou claro que, além de pedir uma retratação sobre a ;internacionalização da Amazônia;, gostaria que Macron também recuasse sobre tê-lo chamado de mentiroso. Contudo, ao ser questionado se ele pediria desculpas sobre o deboche à mulher do presidente francês, Brigitte Macron, Bolsonaro desconversou. ;A mulher dele eu não botei aquela foto. Alguém botou e eu falei para não falar besteira. Não queiram levar para esse lado pois questão pessoal familiar eu não me meto. Eu sei por respeito ao cara (Macron). Falei para (o seguidor) não entrar nessa área. Meu comentário eu falo para não insistir nesse tipo de postagem;, respondeu.

No sábado (24/8), um seguidor postou foto dos casais Bolsonaro, Jair e Michelle, e Macron, Emmanuel e Brigitte. Na legenda, questionou uma suposta perseguição do presidente francês ao brasileiro. ;Agora entende porque Macron persegue Bolsonaro?;. O presidente brasileiro, por sua vez, respondeu. ;Não humilha, cara. Kkkkkkk;.
O presidente francês lamentou, nessa segunda-feira (26/8), os comentários de Bolsonaro e chamou de "extraordinariamente desrespeitosos", dizendo-se "triste por ele e pelos brasileiros".