Manifestações contra as queimadas na Amazônia e a política ambiental do governo foram realizadas, ontem, em várias cidades do país, dando a largada a uma série de protestos que está programada para este fim de semana. Em Brasília, centenas de pessoas partiram, no fim da tarde, da Rodoviária do Plano Piloto, percorreram a Esplanada dos Ministérios e pararam ao lado do prédio do Ministério do Meio Ambiente. Os manifestantes projetaram imagens de chamas no edifício e, como ocorreu em outras cidades, pediram a saída do ministro da pasta, Ricardo Salles, e do presidente Jair Bolsonaro.
;Amazônia fica, Bolsonaro sai;, dizia uma das faixas na Esplanada, num ato pacífico que causou lentidão no trânsito e reuniu pessoas de diferentes gerações. ;Nós temos de ir para a rua mesmo, não temos outro instrumento. É ir para cima dos responsáveis por isso. Eu estou morrendo com a Amazônia, porque, como é que a gente vai respirar? Como é que o mundo vai respirar?;, questionou Gecima Bastos Pinheiro, 75 anos, professora e psicóloga aposentada.
O estudante Dimitrius Berçot Júnior, 18, disse que a população tem de mostrar poder. ;O pessoal tem que vir para a rua, ocupar o espaço, defender a Amazônia, porque o que Bolsonaro está fazendo não está certo;, disse. ;A Amazônia está correndo muito risco e, se a gente não cuidar, a tendência é só piorar.;
Em São Paulo, os manifestantes se concentraram em frente ao Museu de Arte de São Paulo (Masp). Eles empunhavam cartazes com frases como ;chega de lucrar com a destruição; e ;Vender a Amazônia aumenta o PIB do Brasil?;.
No Rio de Janeiro, o protesto começou na escadaria do Palácio Pedro Ernesto, na Cinelândia, no centro da cidade. Bolsonaro e o ministro Salles eram os principais alvos das críticas dos manifestantes. Em seguida, eles fizeram uma caminhada em direção ao BNDES.
Em Salvador, o ato ocorreu no centro da cidade. Na Praça Municipal, os participantes gritaram pedidos de ;justiça climática; em defesa da Amazônia. Também cobraram a fiscalização do desmatamento ilegal e a demarcação dos territórios indígenas.
Houve protesto também em Curitiba. A mobilização, no centro da cidade, teve participação de muitas crianças, adolescentes e índios. Alguns participantes estavam fantasiados com temas da natureza. O grupo se reuniu na Praça Dezenove de Dezembro e seguiu pela Rua XV até a Boca Maldita.
Exterior
Manifestações ocorreram também em vários países. Aos gritos de ;Salvem a Amazônia; e ;Fora, Bolsonaro;, cerca de 300 pessoas protestaram diante da embaixada do Brasil em Londres. ;Vimos as imagens horríveis (da floresta em chamas) e queremos fazer algo em solidariedade para com o povo do Brasil. Também temos filhos e gostaríamos que crescessem num mundo que tem seus pulmões;, declarou Luisa Brown, 36. ;Estou muito preocupada com a mudança climática, mas especialmente pelo impacto do agronegócio;, emendou Lucy Brown, 41, acompanhada dos filhos de 2 e 4 anos. As duas são membros da Extinction Rebellion, o movimento de desobediência civil criado no fim de 2018 para lutar contra a falta de ação diante da mudança climática.
;É verdade que preferem hambúrguer a oxigênio?;, questionava o cartaz exibido por outro manifestante. ;É o Donald Trump brasileiro, tudo que interessa a ele é o lucro, o dinheiro;, protestou Graham Cox, de 57. Ele contou que se uniu ao Extinction Rebellion, porque, em 35 anos de ativismo ambiental, assinou todas as petições ;e não viu nada mudar;.
Em Dublin, ao menos 100 pessoas ocuparam a entrada de um edifício que abriga a embaixada brasileira. Houve manifestações também em Berlim, Barcelona, Paris, Amsterdã, Lima, Bogotá, Quito. (Com Agência France Press)
;Nós temos de ir para a rua mesmo, não temos outro instrumento. É ir para cima dos responsáveis por isso. Eu estou morrendo com a Amazônia, porque, como é que a gente vai respirar?;
Gecima Pinheiro, psicóloga aposentada