Governos europeus aumentaram ontem a pressão diplomática sobre o Brasil devido às queimadas na Amazônia. Após sugerir que a assunto seja debatido pelo G7, o grupo dos países mais ricos do mundo, o presidente francês Emmanuel Macron subiu o tom e acusou o presidente Jair Bolsonaro de ter mentido sobre os compromissos com o meio ambiente, durante a cúpula do G20 ; que ocorreu entre 28 e 29 de junho em Osaka, no Japão. O líder francês anunciou também que, na atual situação, a França se opõe à assinatura do acordo de livre-comércio entre a União Europeia e o Mercosul.
;Dada a atitude do Brasil nas últimas semanas, o presidente da República só pode constatar que o presidente Bolsonaro mentiu para ele na cúpula (do G20) de Osaka;, disse. Ainda de acordo com o governo francês, ;o presidente Bolsonaro decidiu não respeitar seus compromissos climáticos nem se comprometer com a biodiversidade;. ;Nestas circunstâncias, a França se opõe ao acordo do Mercosul;, acrescentou a presidência francesa.
A chanceler alemã, Angela Merkel, apoiou a proposta de Macron de levar o assunto para a cúpula do G7, que começa hoje no balneário francês de Biarritz. Por meio do porta-voz, Merkel afirmou que os incêndios na Amazônia constituem uma ;situação urgente;. ;A magnitude dos incêndios no território da Amazônia é assustadora e ameaçadora, não só para o Brasil e os outros países envolvidos, mas para todo o mundo;, disse Merkel.
Também favorável à discussão das queimadas no G7, o primeiro-ministro britânico, Boris Johnson, ofereceu a colaboração do país para preservar a região. ;Os incêndios que assolam a Floresta Amazônica são desoladores, mas também uma crise internacional. Estamos dispostos a fornecer toda a ajuda que pudermos para controlá-los e ajudar a proteger uma das maiores maravilhas da Terra;, tuitou.
Numa iniciativa ainda mais dura, a Finlândia, que exerce a presidência rotativa da União Europeia, pediu que o bloco considere a possibilidade de banir as exportações da carne bovina brasileira em reação às queimadas. ;O ministro das Finanças, Mika Lintila, condena a destruição da Floresta Amazônica e sugere que a UE e a Finlândia devem considerar urgentemente a possibilidade de banir a importação de carne bovina brasileira;, informou, em comunicado, o Ministério das Finanças.
Na contramão, o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, defendeu a relação com Bolsonaro. Ao declarar que teve uma conversa com o presidente do Brasil, Trump disse que a relação entres ambos está ainda ;mais forte que antes;. ;Nossas futuras perspectivas de comércio são muito empolgantes e nossa relação é forte, quem sabe ainda mais forte que antes. Eu disse a ele que os Estados Unidos poderiam ajudar com os incêndios da Floresta da Amazônia. Nós estamos prontos para ajudar;, postou no Twitter. Bolsonaro repostou a mensagem na própria conta.