O presidente Jair Bolsonaro deixou um ar de suspense sobre o futuro do diretor-geral da Polícia Federal (PF), Maurício Valeixo. Com declarações dúbias, sugeriu em um momento, nesta quinta-feira (22/8), que ;não pretende trocar ninguém;, mas, pouco depois, desconversou sobre a possibilidade de propor uma mudança no comando da PF neste momento, afirmando que ;tudo pode acontecer na política;. Antes, também havia dito que ;a renovação é salutar, é saudável;, acrescentando que ;não depende da vontade dele (Valeixo);.
[SAIBAMAIS]Sem cravar de maneira assertiva a permanência de Valeixo, Bolsonaro disse que a decisão da permanência, ou não, do chefe da PF é dele e será comunicada ;na hora que achar correto;. ;Se é para não (ter) interferência, o diretor anterior (Rogério Galloro) a ele (Valeixo) tinha que ser mantido. Ou a PF agora é um órgão independente? A PF orgulha a todos nós. E a renovação é salutar, é saudável;, declarou.
A fala de Bolsonaro foi sucedida por uma suposta vontade do chefe da PF em abandonar o cargo. ;Ele pode, o Valeixo, pode querer sair hoje. Não depende da vontade dele;, comentou. Sem citar o nome do ministro da Justiça, Sérgio Moro, que sugeriu Valeixo para o posto máximo da corporação ainda na transição, o presidente disse não se tratar de uma desautorização a Moro. ;Ele (Valeixo) é subordinado a mim, não ao ministro (Moro). Eu que indico (o diretor-geral). Está na lei;, afirmou.
A declaração de Bolsonaro não está equivocada. O artigo 1; do decreto n; 73.332, de 19 de dezembro de 1973, estabelece que o Departamento de Polícia Federal (DPF) é diretamente subordinado ao Ministério da Justiça e dirigido por um diretor-geral, que, por sua vez, é ;nomeado em comissão e da livre escolha; do presidente da República. ;Qual o problema se eu trocar ele (Valeixo) hoje?;, questionou.
Interferência
O presidente manifestou, contudo, não ter o interesse em propor mudanças na PF ou em outro ministério. ;Se eu for trocar diretor-geral, ministro que for, a gente vai na hora certa. Não pretendo trocar ninguém. Por enquanto, está indo bem o problema. Agora, quando der algo errado, a gente chama, conversa;, explicou. Divagou, no entanto, se uma troca no comando da corporação não está descartada. ;Hoje? Dia 22 de agosto? Tudo pode acontecer na política;, declarou.
O capitão reformado ressaltou que, até o momento, 11 superintendentes foram trocados, e a polêmica sobre ele interferir na PF decorreu depois de comentários a respeito da mudança na superintendência da corporação no Rio de Janeiro. E sinalizou que uma possível mudança na diretoria-geral pode estar associada à opção de Valeixo pelo superintendente de Pernambuco, Carlos Henrique Oliveira, para comandar a superintendência do Rio, e não o superintendente do Amazonas, Alexandre Silva Saraiba, como deseja. ;Quando eu sugiro um cara de um estado para ir para lá, ;está interferindo;. Se eu não posso trocar superintendente, eu vou trocar o diretor-geral. Aí não se discute isso aí;, sustentou.
O presidente manifestou o desejo do ;bem do Brasil;, a vontade de combater a corrupção e que se ;faça a coisa da melhor maneira possível;. Mas negou que esteja imputando algum erro a Valeixo. ;Não estou acusando ninguém de fazer nada errado. Mas a indicação é minha. Por isso, elegeram o presidente da República. Se não pudesse inter ingerência, interferência, que, para mim, é mudança, teria mantido o cara anterior, ficaria lá até morrer;, disse.