Para aplacar as resistências do empresariado, Guedes propôs ;uma forte desoneração na folha de pagamento;. Seria uma forma, na análise do ministro, de incentivar o emprego. Ele admitiu que, mesmo o imposto sendo ;horroroso;, ;vai tentar de toda forma;.
Caso a medida seja apresentada, terá de passar pelo crivo do Congresso. Guedes deu a entender que será responsabilidade dos parlamentares escolher a melhor opção para o desenvolvimento. ;Se a classe política achar que as distorções causadas pelo imposto são piores que os 30 milhões de desempregados sem carteira de trabalho, eles decidam. É uma opção difícil;, frisou.
Analistas do mercado financeiro reagiram mal às declarações de Guedes. Para Roberto Luis Troster, ex-economista chefe da Federação Brasileira de Bancos (Febraban), esse tipo de imposto é muito ruim, tem um efeito perverso sobre a economia e pode provocar, no médio prazo, elevação da taxa de juros. ;O tributo aumenta o custo das transações. Com isso, as instituições acabam segurando o caixa. Com menos circulação de recursos, os juros são jogados para cima;, explicou.
Miguel Ribeiro Oliveira, presidente da Associação Nacional dos Executivos de Finanças, Administração e Contabilidade (Anefac), destacou que o mercado ficou perplexo com a insistência do ministro da Economia. De acordo com ele, a expectativa dos especialistas é de que essa proposta não receba aval do Congresso: ;O mercado está reticente. O presidente Bolsonaro já disse que não aprova, e o presidente da Câmara, Rodrigo Maia, igualmente declarou que é contra e que não passa na Casa.;
Nesta quarta-feira (21/8), Maia foi diplomático ao comentar a fala do ministro, mas deixou claro que é contra o tributo. ;Cada um tem direito a uma posição, e pode ser divergente. O presidente (Bolsonaro) eu sei que continua contra. Mas cada um tem uma opinião do que é importante para melhorar o sistema. Não necessariamente a mesma opinião;, afirmou. (Colaborou Luiz Calcagno)