O Ministério Público Federal e a Polícia Federal no Amapá informaram ontem que o cacique Emyra Wajãpi, de 62 anos, morreu por afogamento em um rio que corta a Terra Indígena Wajãpi e descartaram a suspeita de que ele teria sido assassinado a facadas. A versão de que ele havia sido morto por garimpeiros foi inicialmente sustentada pelo conselho das aldeias local.
Após a exumação do cadáver, um laudo elaborado pela Polícia Técnico-Científica do Amapá atestou que não havia perfurações no corpo, tampouco ferimentos compatíveis com faca. Dois médicos legistas descartaram ainda asfixia ou enforcamento. Sem sinais de morte violenta, os investigadores tratam o caso como um acidente.
"As informações do laudo, em conjunto com as demais diligências já realizadas, reforçam a hipótese de que não houve homicídio no caso", disse ao jornal O Estado de S. Paulo a procuradora Lígia Cireno Teobaldo. "Até o momento, todos os elementos indicam que a narrativa inicial (de invasão de um grupo fortemente armado de garimpeiros que teria ocupado a terra indígena e assassinado uma liderança em um conflito violento) não ocorreu de fato, e a investigação passa agora a trabalhar prioritariamente com a hipótese de morte acidental."
A morte do cacique e as denúncias de uma suposta invasão da reserva por garimpeiros provocaram repercussão internacional, no momento em que o presidente Jair Bolsonaro defendeu alterar a legislação para legalizar a exploração do garimpo em terras indígenas. As investigações prosseguem, sobretudo, para buscar provas de garimpo ilegal na terra Wajãpi.
O Estadão não conseguiu contato ontem com lideranças Wajãpi, tampouco com o conselho das aldeias. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.