Rodolfo Costa
postado em 09/08/2019 18:30
Um dia depois de ter dito que a agenda econômica será a prioridade do governo no pós-Previdência e ;dará uma segurada; no pacote anticrime do ministro da Justiça, Sergio Moro, o presidente Jair Bolsonaro deu sinais de voltar atrás. Nesta sexta-feira (9/8), depois de um café da manhã no Palácio da Alvorada, manifestou que são os presidentes do Senado, Davi Alcolumbre (DEM-AP), e da Câmara, Rodrigo Maia (DEM-RJ), os responsáveis pelo calendário no Congresso, manifestando a intenção de que a proposta voltada para a segurança pública comece a tramitar.
O presidente se posicionou ao lado de Moro. O gesto é um simbolismo de que Moro continua prestigiado pelo presidente, que, na quinta (8), manifestou que o ministro deve entender melhor as mudanças na carreira e saber que, agora, ele não tem o poder da caneta em mãos. ;Não temos como decidir de forma unilateral e temos que governar o Brasil;, declarou, ontem, quando disse entender a ;angústia; do auxiliar, embora tenha pedido ;paciência;.
Questionado sobre as declarações, Bolsonaro desconversou, dizendo que ;ninguém tem mais paciência; que ele. ;Ouço 22 ministros. Ninguém tem mais paciência. Logicamente, os ministros, na situação como o Moro, ele veio para o governo com propostas e quer ver elas aprovadas. Tem consciência que não depende apenas dele, mas do Parlamento. A paciência que eu peço para ele, ele pede para mim, também, o que é muito comum. Quantas vezes ele me conteve. Faz parte do dia a dia;, minimizou.
Prioridade
O ministro foi igualmente evasivo ao ser abordado pela imprensa a respeito do motivo da visita a Bolsonaro no Alvorada. ;O café da manhã aqui é melhor que o do Ministério da Justiça;, brincou. Segundo o presidente, foi convidado para acompanhá-lo em uma cerimônia de promoção dos novos oficiais-generais do Exército. Aos jornalistas, Moro negou se sentir pressionado. ;Não. Talvez pela imprensa;, disse.
Ruídos de que o ministro estaria sendo escanteado em detrimento da agenda econômica foram rejeitados por Moro, que disse entender a prioridade do governo. ;Não, veja, a reforma (da Previdência) sempre teve prioridade porque existe aí uma necessidade de alavancar a economia. Superada a votação na Câmara, não existe nenhum óbice de ser debatido o pacote anticrime na Câmara. Projeto importante, do governo, não seria possível se não fosse a eleição do presidente. Se tivesse tido outro resultado (nas eleições) provavelmente estaríamos discutindo anistia a criminosos. Pelo contrário, estamos discutindo um projeto que fortalece o combate ao crime e o projeto está sendo muito discutido;, declarou.