A lista de Bolsonaro não é tão transparente. Nesta quinta-feira (8/8), ele disse que, além de Aras, a atual procuradora-geral da República, Raquel Dodge, pode ser uma das cotadas. Citou, ainda, o ;primo do Aras;, o procurador regional Vladimir Aras, e o ;capitão de Forças Especiais;, o subprocurador Lauro Cardoso, quarto colocado na votação da lista tríplice. Capitão da reserva, Cardoso fez curso de forças especiais e foi paraquedista, como o chefe do Executivo federal.
O subprocurador-geral Paulo Gonet é outro cotado. Ele esteve reunido com Bolsonaro, nesta quinta-feira (8/8), em agenda destinada à deputada federal Bia Kicis (PSL-DF) e a Walton Alencar Rodrigues, ministro do Tribunal de Contas da União (TCU). A indicação de Gonet foi feita pela parlamentar, procuradora de carreira do Distrito Federal. ;Ele comunga dos valores defendidos pelo presidente. É discreto, conservador, cristão, e não aprova o ativismo do Ministério Público;, disse a deputada ao Correio.
Outro postulante esteve reunido com Bolsonaro nesta quinta-feira (8/8). Trata-se de Marcelo Weitzel, subprocurador-geral de Justiça Militar. Ele tinha audiência com o presidente, no Palácio do Planalto, e foi acompanhado de Jaime Miranda, procurador-geral de Justiça Militar. Não há impeditivo legal para que o presidente indique alguém do Ministério Público Militar (MPM), embora essa possibilidade gere ruídos no Ministério Público Federal (MPF).
As opções são diversas, mas a disputa pela PGR deve ficar restrita a três nomes na reta final. Bolsonaro tem sido alertado pelo presidente do Supremo Tribunal Federal (STF), Dias Toffoli para os riscos de escolher alguém que não seja um subprocurador do MPF. Dessa forma, Vladimir Aras, Lauro Cardoso e Marcelo Weitzel podem ser rifados da disputa. Sobrariam Augusto Aras, Raquel Dodge e Paulo Gonet.
A possibilidade de escolha de algum nome da lista tríplice elaborada por integrantes da PGR é remota, dizem pessoas próximas a Bolsonaro. Dessa maneira, o próprio filtro que ele fará até segunda-feira pode limitar algumas escolhas, como a de Dodge. A aliados, o presidente admite que ela não tem o perfil conservador desejado por ele. Dessa forma, sobram, por eliminação, Aras e Gonet.
Os dois são conservadores e preenchem requisitos defendidos por Bolsonaro. Mesmo a pressão feita contra Aras por aliados do chefe de governo pode não surtir efeito. ;A preocupação do presidente é com o comprometimento atual. Ele diz: ;olho para frente, não para trás;;, explicou Kicis.
Nesta quinta-feira (8/8), o próprio Bolsonaro minimizou as notícias que apontam um alinhamento do subprocurador com ideias da esquerda. ;Quem quer que seja apontado por mim vai levar tiro de (arma de calibre) .50;, afirmou, em referência à imprensa. Disse que, por reportagens publicadas em jornais, Aras ganhou ;um pontinho mais positivo;. ;(Mas) não estou definindo que seja ele.;
Agenda
A indefinição na escolha do sucessor de Dodge é justificada por Bolsonaro pela preocupação de identificar alguém com perfil mais próximo da agenda conservadora. Ele citou, como exemplo, o desejo de um procurador que trate a questão ambiental ;sem radicalismo;. E sugeriu que, nesse debate, o Ministério Público Federal (MPF) tem mais atrapalhado do que contribuído. ;Esperamos ter um procurador que trate a questão ambiental, por exemplo, sem radicalismo. (...) Temos problemas nesse sentido. Muitas vezes o MP interfere em questões nossas;, criticou.O presidente insinuou que a instituição não tem contribuído no desfecho de políticas de Estado que esbarram em entraves legais e ambientais, como a construção do Linhão Manaus-Boa Vista. ;Que não atrapalhem na questão das minorias, o trabalho dos índios querendo progredir, ser como nós somos. A gente conta que o futuro chefe do MP trabalhe nesse sentido com seus pares;, declarou Bolsonaro. Ele manifestou o desejo de que o sucessor de Dodge evite ;essa forma xiita de se tratar as minorias; e cobrou ;tratamento adequado no tocante às Forças Armadas;.