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Bolsonaro relaciona fim de balanços em jornais a combate ao desmatamento

Na terça-feira, o presidente disse que a medida provisória que assinou sobre o tema era uma ''retribuição'' pelo ''ataque'' que sofre da imprensa. Nesta quarta, porém, mudou o discurso

O presidente Jair Bolsonaro voltou a comentar, nesta quarta-feira (7/8), a edição da Medida Provisória (MP) 892, que desobriga a publicação de balanços de empresas em jornais impressos. Desta vez, ele atribuiu a proposta a uma meta de diminuir o desmatamento do Brasil, por meio da economia de papel.

Na terça-feira, ao falar sobre a medida, Bolsonaro afirmou que a MP era uma "retribuição" ao "ataque" que sofre da imprensa. Por conta do comentário, foi perguntado se a medida não fere o princípio da impessoalidade, uma vez que seria motivado por questões pessoais. Ele, então, disse: "Qual o objetivo? Temos desmatamento no Brasil, tá? E para ajudar a conter o desmatamento, tem que ter menos matéria na imprensa de papel", avaliou. A resposta foi dita em um tom menos irônico do que na terça-feira, quando disse ter "certeza de que a imprensa vai apoiar a medida."

A declaração foi emendada com uma pergunta retórica sobre o desmatamento. "Alguém é contra medida para evitar o desmatamento?", indagou, relacionado ainda a medida à reforma da Previdência. "O povo todo tá pagando a questão da Previdência, por que vocês não podem pagar um pouco?", comentou. Os empresários, acrescentou, têm reclamado da quantidade gasta com a publicação dos balanços nos veículos impressos.

Segundo Bolsonaro, grandes empresas chegavam a gastar entre R$ 1 milhão e R$ 2 milhões. "Vamos acabar com isso. A Petrobras vai economizar dinheiro, o empresário vai gastar menos, vai poder botar seu produto mais barato. Existe hoje em dia profissão de datilógrafo? Acabou. Essa questão de publicar balancete que ninguém lê, você vai nos sites e lê;, comentou.

O presidente continuou e a comentar o assunto. "Duvido se o povo discorda do que proponho. Estamos ajudando aí a não desmatar. Estamos facilitando a vida dos empresários, que é uma vida difícil, assim como do desempregado, custo zero. Tinha empresa que gastava R$ 1, R$ 2, R$ 3 milhões. Outras, menores, R$ 100, R$ 200 mil;, ponderou.

Maia questiona a MP

Na terça-feira, ao ser questionado sobre o tema, o presidente da Câmara, Rodrigo Maia (DEM-RJ), disse que, apesar de teoricamente razoável, a MP não lhe parecia "a melhor solução". Maia argumentou que a imprensa escrita ainda cumpre um importante papel na garantia da democracia e, portanto, questionou uma medida que tira recursos da mídia de "uma hora para outra".