Jornal Correio Braziliense

Politica

Fragmentada, esquerda 'colabora'



A disputa interna por espaço na esquerda é outro fator que deixa Bolsonaro confortável na estratégia de manter a polarização no país. O PT não planeja abrir mão do espaço conquistado ao longo dos governos que comandou, e o PDT, principal adversário, queima personagens novatos para não deixar surgir uma liderança que ameace Ciro Gomes politicamente, como a deputada Tabata Amaral (PDT-SP).

O surgimento de Tabata criou uma personagem capaz de agregar votos tanto da esquerda quanto da direita. O ministro aposentado do Supremo Tribunal Federal (STF) Joaquim Barbosa foi outra figura com poder semelhante, quando flertou com uma candidatura nas últimas eleições. Ao contrário dele, que abandonou a disputa e não sofreu o desgaste, a deputada está na mira do Conselho de Ética do PDT e teve suspensa a atividade partidária pelo voto favorável à reforma da Previdência.

A punição a Tabata é a tônica da disputa na esquerda, observou Paulo Baía. ;O PDT não vai deixar surgir uma liderança que ameace Ciro politicamente;, ponderou. O caso é que, na esquerda, o pedetista não consegue se posicionar como a figura que vai unificar o polo, em decorrência do jogo de poder petista. ;O PT não quer abrir mão do espaço conquistado. O bate-cabeça na esquerda, no fim das contas, favorece Bolsonaro;, frisou Baía. (RC)