Bernardo Bittar
postado em 27/07/2019 07:00
O presidente da República, Jair Bolsonaro, aproveitou viagem a Goiânia, nesta sexta-feira (26/7), para afagar aliados do governo na reforma da Previdência. Além de acenar ao DEM, partido que deu forte apoio, na Câmara, à mudança das regras do sistema previdenciário, o presidente tentou fortalecer o líder governista na Casa, deputado Major Vitor Hugo (PSL-GO), escanteado no primeiro turno da votação, convidando o parlamentar a participar da comitiva presidencial.Também estiveram com Bolsonaro o ministro da Defesa, Fernando Azevedo, e o governador de Goiás, Ronaldo Caiado (DEM). O presidente e o governador trocaram gentilezas durante o dia, permanecendo quase sempre juntos nos compromissos oficiais. O primeiro deles foi um almoço com o cantor Amado Batista, na casa dele, na zona rural de Goianápolis, município da região metropolitana da capital.
O restante da agenda foi composto de visitas a um museu, ao Comando de Operações Especiais do Exército, em Goiânia, e ao Comando da Academia de Polícia Militar do Estado de Goiás, à noite, para solenidade de formatura de aspirantes a oficial da PM, entre os quais o sobrinho Luiz Paulo Leite Bolsonaro, filho do irmão do presidente, Renato Bolsonaro. O presidente chegou de helicóptero ao local, passou as tropas em revista e, durante a cerimônia, foi condecorado com a medalha Tiradentes. ;Cada vez me sinto um pouco mais goiano; disse.
Ídolo
O almoço com Amado Batista teve um sabor especial para Bolsonaro. Ainda de manhã, ao deixar o Palácio da Alvorada, o presidente mencionou o encontro. ;Almoço com Amado Batista daqui a pouco. Não é pra qualquer um não, hein? ; gabou-se Bolsonaro, que já se declarou fã do cantor. A visita, primeiro compromisso do chefe de governo em Goiás, durou cerca de duas horas e mobilizou a estrutura da Presidência. Diversos carros oficiais e equipes da Polícia Rodoviária Federal (PRF) estavam no local. Homens do Batalhão de Operações Especiais (Bope) da Polícia Militar de Goiás ficaram na estrada que dá acesso à propriedade para controlar a entrada de convidados e impedir a presença de jornalistas.O governador de Goiás, Ronaldo Caiado (DEM), também participou do encontro, além de outros políticos e personalidades da região. Bolsonaro é amigo do cantor e já disse publicamente que o vê como ídolo. No começo de abril, o artista foi recebido no gabinete do presidente no Planalto, acompanhado do atual presidente da Embratur, Gilson Machado, que é sanfoneiro.
Em maio, Batista gravou um vídeo convocando apoiadores a participar de uma manifestação a favor de Bolsonaro, ocorrida no dia 26 daquele mês. Hoje com 68 anos, quatro a mais que o presidente, Amado Batista se notabilizou, nos últimos anos, por declarações sobre o período da Ditadura Militar de 1964 a 1985, defendida pelo presidente.
Na solenidade de formatura dos aspirantes da PM, Caiado elogiou Bolsonaro, que retribuiu a gentileza, dizendo que ;o futuro se abre na frente de vossa excelência (o governador);. ;Não existe satisfação maior que servir a seu próximo. Tenho certeza que a missão será cumprida. Prezado, muita coisa nos une;, afirmou o presidente.
Bolsonaro lembrou que, em 1989, era vereador no Rio de Janeiro e viu um carro fazendo campanha para Caiado. ;Tu é um cabra muito corajoso. Você, Caiado, meu amigo, já antevia o que teríamos pela frente. Os dias nebulosos que a barca atravessaria.; O presidente finalizou afirmando: ;o Brasil está quebrado, foi atingido na sua alma, está numa crise ética e moral nunca antes vista. O desafio que temos é enorme;.
Vandalismo
O governador de Goiás fez críticas aos petistas, reafirmando o apoio dos demistas ao Planalto. ;Presidente, o Brasil deposita uma esperança enorme sobre os ombros de vossa excelência e de todos nós que lutamos pela mudança do país;, disse. Caiado alfinetou a esquerda ao dizer que quem se elegeu em 2018 recebeu a estrutura de Estado ;enfraquecida após práticas de vandalismo (de governos anteriores);, época que, em suas palavras, ;o que prevaleceu não foi o espírito público nem republicano. Prevaleceu o enriquecimento ilícito;.No fim do da formatura, Bolsonaro se dispôs a dar entrevista à imprensa. Questionado sobre o caso de outro sobrinho, que viajou em helicóptero do governo em maio passado, o presidente mudou de ideia. Disse que a pergunta era idiota, e que preferia ficar com a família a responder questionamentos semelhantes.