O presidente Jair Bolsonaro fez afagos ao Nordeste, ontem, e voltou a criticar os ;xiitas ambientais;. As declarações foram dadas na cerimônia de inauguração do Aeroporto Glauber Rocha, em Vitória da Conquista, na Bahia. A radicalização em algumas falas e gestos de agrado em outras têm dado o tom das manifestações do chefe do Planalto em solenidades e em declarações à imprensa.
Depois de chamar os governadores nordestinos de ;paraíba;, o que causou polêmica na sexta-feira, Bolsonaro procurou, ontem, ;pedir desculpas;. Do jeito dele, se retratou declarando ;amor; ao Nordeste e emendou com a frase: ;Somos todos ;paraíbas;;. Antes, porém, criticou o governador da Bahia, Rui Costa (PT), em postagem no Twitter, sustentando que o petista não autorizou a presença da Polícia Militar para fazer a segurança no evento. ;Pior ainda, passou a responsabilidade de tal negativa ao seu comandante geral;, declarou.
Em resposta, Rui Costa provocou o presidente, insinuando que ;quem é impopular e tem medo de ir às ruas, fica em seu gabinete;. ;Se o evento é exclusivamente federal, as forças federais cuidem da segurança do presidente. Eu não posso colocar a PM para entrar em conflito com as pessoas que querem ver o aeroporto. (...) Quem é governante tem de enfrentar aplausos, beijos, selfies, mas, também, tem de ter o ônus de, às vezes, enfrentar protestos;, declarou, em entrevista à Rádio Metrópole. Rui Costa não compareceu à cerimônia no aeroporto.
No evento, Bolsonaro se declarou à região. ;Eu amo o Nordeste. Afinal de contas, a minha filha tem em suas veias sangue de ;cabra da peste;. ;Cabra da peste; de Crateús, o nosso estado aqui, mais pra cima, o nosso Ceará;, ressaltou.
O chefe do Planalto pregou união. ;Não estou em Vitória da Conquista, não estou na Bahia nem no Nordeste. Estou no Brasil. Não há divisão entre nós: (divisão por) sexo, raça, cor, religião ou região. Somos um só povo com um só objetivo: colocar este grande país em um lugar de destaque que merece;, destacou. Ao fim do discurso, colocou um chapéu de vaqueiro. ;Somos todos ;paraíba;, somos todos baianos;, emendou.
Meio ambiente
No discurso, Bolsonaro também criticou ;xiitas ambientais; e disse ter ;repulsa por quem não é brasileiro;, ao comentar a intenção de revogar a proteção ambiental da Estação Ecológica de Tamoios, no litoral do Rio de Janeiro. ;Eu tenho um sonho. Quero transformar a Baía de Angra (dos Reis) numa Cancún. Cancún fatura US$ 12 bilhões anuais. E a Baía de Angra fatura o quê? Quase zero, por causa dos xiitas ambientais, esses que fazem uma campanha enorme contra o Brasil lá fora;, afirmou.
Para Gustavo Baptista, professor de sensoriamento remoto do Instituto de Geociências da UnB, abrir uma perspectiva como essa é ;dar um tiro no pé;. ;A exploração do Brasil se iniciou pelo litoral, então já houve muita degradação. É uma área vulnerável, principalmente devido aos riscos que o interesse do setor mobiliário apresenta às questões ambientais;, disse. ;Uma estação ecológica é definida porque tem uma preocupação importante na preservação das espécies que ali residem. Toda unidade de uso restrito tem por trás um estudo que chancela essa criação.;
*Estagiária sob supervisão de Cida Barbosa