A existência da minuta técnica havia sido sinalizada pelo governo ao longo da semana, mas a declaração do presidente confirma a indicação de Eduardo. ;Falta a resposta dos Estados Unidos. Uma vez havendo a resposta, a gente comunica ao Senado Federal para que seja marcada a data da sabatina;, explicou. Para ele, o governo norte-americano não vai vetar o ;agreement;. ;É uma praxe, um acordo, que atende uma legislação de Viena. Nesse sentido, temos que fazer isso aí. Duvido, acho muito difícil, ter um ponto negativo dos EUA. (Eduardo) vai ser nosso cartão de visita e sabe da tremenda responsabilidade que terá pela frente;, justificou.
O passo a passo no Senado, no entanto, tem um procedimento antes da sabatina. Quando a indicação chegar, o presidente da Comissão de Relações Exteriores (CRE) vai escolher um relator, que, em sessão oportuna, vai apresentá-la ao colegiado. Somente depois é marcada a audiência da sabatina. O governo trata a indicação como prioridade máxima neste período de recesso parlamentar. A ponto de Bolsonaro ter se reunido na tarde desta sexta-feira (19/7) com o presidente da Casa, Davi Alcolumbre (DEM-AP), para tratar do assunto. Embora seja o presidente da CRE, Nelsinho Trad (PSD-MS), o responsável pela condução da tramitação no colegiado, o demista pode se articular para mudar nomes no colegiado ou costurar uma base de apoio que favoreça a votação na sabatina.
Pessoas próximas a Alcolumbre dizem que o presidente do Senado costura com o governo a base de apoio para chancelar Eduardo à embaixada. No governo, interlocutores afirmam que o custo disso envolve cargos nos ministérios da Educação, do Meio Ambiente, e em agências reguladoras. O bloco MDB, PRB e PP participa da amarração política para puxar votos favoráveis não somente na CRE, mas também no plenário do Senado.
Argumentos
Bolsonaro evitou ontem dar mais detalhes sobre as conversas com Alcolumbre, mas manifestou que tem adotado cuidados, devido a ;uma indicação tão importante quanto essa;. ;Eu entro em campo para ganhar o jogo e acho que o Senado vai fazer uma boa sabatina, mas tenho certeza de que vai ser aprovada. Talvez haja viés político de alguns. Paciência. Espero que seja aprovado;, declarou.
O presidente voltou a usar o argumento de que a indicação de Eduardo não é nepotismo e que, se quisesse, poderia dar um ministério para o filho. ;Posso, hoje, exonerar o Ernesto (chanceler brasileiro) e botar meu filho como ministro (do Itamaraty). Ele vai comandar mais de 200 embaixadores. Não que eu vá fazer isso, e não quero fazer isso, porque o Ernesto faz um trabalho excepcional;, ressaltou.