Antes de Bolsonaro, quem falou no evento foi o presidente do Senado, Davi Alcolumbre (DEM-AP), com declarações consideradas como uma sacolejada no chefe do Planalto. O parlamentar pregou o fortalecimento das instituições e dos Três Poderes. ;Só com essas instituições fortes nós poderemos, de fato, dizer que vivemos numa democracia consolidada;, frisou. Ele ressaltou que o Congresso teve a maior produção legislativa dos últimos 25 anos, e manifestou que todos buscam ;acertar mais do que errar, todos os dias;. ;Muitas vezes, cometemos equívocos. Que tenhamos possibilidade de acertar, errar e corrigir, e não errar mais.;
A resposta não tardou. Emocionado, Bolsonaro citou que a cadeira presidencial é de ;kriptonita;, em referência à disputa de poder no país, que, para ele, ocorre ;até dentro de casa;. Ele ressaltou que o governo busca fazer o melhor. ;É difícil? É. Estamos vencendo paradigmas. São seis meses sem uma acusação de corrupção no governo. Para os críticos, não basta. É obrigação? É obrigação, sim. E nós temos que buscar atingir esses objetivos. Coisas simples, mas que interessam a todos;, declarou.
A partir daí, o presidente engatou um forte discurso sobre os feitos do Executivo. Mencionou o projeto de lei que ampliou o prazo de validade da Carteira Nacional de Habilitação (CNH) de cinco anos para 10 e enalteceu o selo agrícola ; pauta principal anunciada na ausência do pacote econômico ;, que regulamenta a comercialização de produtos artesanais nos mercados externo e interno. Ali, abriu brecha para a defesa que ocupou mais espaço no discurso: a da indicação do deputado Eduardo Bolsonaro (PSL-SP) à embaixada brasileira em Washington.
Desafios
A análise feita por parlamentares ouvidos pelo Correio após o evento, no Salão Nobre do Palácio do Planalto, é que os discursos são mais profundos do que deixam transparecer. Um deputado aliado aponta para muitos desafios no pós-Previdência. Na Câmara, o presidente Rodrigo Maia (DEM-RJ), ausente na cerimônia de ontem, deve se articular para não deixar o governo impor sua agenda e negociará ponto a ponto as prioridades futuras.
No Senado, com a Previdência em pauta no segundo semestre, além da sabatina a Eduardo Bolsonaro, as batalhas vão se avolumar. ;O que prevejo para os próximos 200 dias é algo não muito diferente do que foram esses primeiros meses. O Executivo precisará de muita ajuda para evitar que o Congresso o escanteie ou continue cobrando um custo político elevado para que tenha seu espaço no Parlamento;, ponderou um parlamentar.
Os desafios se acentuam sobretudo em vista do decreto editado ontem pelo governo, que amplia critérios gerais para que indicados a cargos em comissão cumpram exigências específicas, como formação acadêmica compatível com a função. Especificar demais é algo malvisto no Congresso. Além disso, novas promessas foram feitas, como a de um governo ;100% digital; até o fim do mandato, segundo sinalizou o ministro-chefe da Casa Civil, Onyx Lorenzoni.
O problema é que, segundo o Instituto Brasileiro de Geografia Estatística (IBGE), pouco mais de metade dos brasileiros (62%) tem acesso à internet. O Ministério da Economia, responsável pelo projeto, estima que, em dois anos, a ideia esteja completamente implementada.
O problema é que, segundo o Instituto Brasileiro de Geografia Estatística (IBGE), pouco mais de metade dos brasileiros (62%) tem acesso à internet. O Ministério da Economia, responsável pelo projeto, estima que, em dois anos, a ideia esteja completamente implementada.