Após o avanço da reforma da Previdência na Câmara, o Palácio do Planalto planeja uma série de ações na área de comunicação para estimular o patriotismo e melhorar a imagem do governo Jair Bolsonaro no exterior. A Secretaria Especial de Comunicação Social (Secom) quer promover comemorações estendidas no Sete de Setembro, estimulando o comércio a dar descontos no que está sendo batizado de "Semana do Brasil", destaca o jornal O Estado de S. Paulo.
A principal ação de marketing será uma espécie de "Black Friday" brasileira, incentivando o comércio varejista e fazer com que as empresas reduzam os preços de produtos na data comemorativa - algo semelhante ao que ocorre no varejo norte-americano, que tem tradição de promover descontos em feriados nacionais históricos.
Integrantes do governo já iniciaram tratativas com entidades representantes de lojistas. Eles identificaram que havia um vazio de ações promocionais no mês e passaram a propor aos lojistas o vínculo com a semana da pátria. Outra frente é o setor hoteleiro, que também deve fazer promoções, para estimular o turismo interno.
O Estado apurou que o assunto foi tratado na terça-feira, 16, na reunião do Conselho de Governo, no Palácio da Alvorada, e deve ser encaminhado entre os ministérios nas próximas semanas. Até então, as atenções da equipe de publicidade estavam concentradas na campanha da Nova Previdência.
Ao mesmo tempo, o Planalto começou a organizar a parada do Sete de Setembro, em Brasília. Neste ano, o governo planeja gastar até R$ 1,2 milhão com o desfile na Esplanada dos Ministérios. No ano passado, o custo foi de R$ 817 mil.
A ideia de ampliar as comemorações foi inspirada nas celebrações da independência dos Estados Unidos, celebrada no dia 4 de julho. Há duas semanas, o presidente Jair Bolsonaro foi como convidado à festa na embaixada americana em Brasília, justamente para comemorar a declaração de independência do país. Estava acompanhado da equipe da Secom.
Turismo
O governo também planeja usar a isenção de visto concedida a quatro países - Austrália, Canadá, Estados Unidos e Japão - para promover os destinos brasileiros. A Embratur e o Ministério do Turismo preparam uma campanha de promoção nos Estados Unidos.
"Precisamos divulgar mais essa isenção de visto. Foi simplesmente um ato e não teve nenhuma campanha. É importante o americano saber que hoje não tira visto", disse ao Estado o ministro do Turismo, Marcelo Álvaro Antônio. "Deve ser uma campanha por volta de uns R$ 3 milhões. Deve focar muito no digital e acredito que tenha mídia em aeroportos."
A Embratur divulgou nesta semana uma nova marca para promover internacionalmente o País como destino turístico. O slogan é "Brazil, visit and love us" ("Brasil, visite e nos ame"), acompanhado de uma bandeira nacional estilizada. A marca foi desenvolvida pela própria equipe da Embratur, sem a contratação de uma agência especializada. A ideia é que o Bolsonaro participe de um evento de lançamento oficial.
Além disso, a Secom encomendou a agências de propaganda a elaboração de uma campanha internacional de posicionamento do Brasil. Diretores das três agências - NBS, Artiplan e Calia Y2 - contratadas pelo governo federal se reuniram na semana passada com a cúpula da Secom no Palácio do Planalto para discutir a campanha de posicionamento e de marca do governo fora do País.
Em março, em um café da manhã com jornalistas, Bolsonaro chegou a justificar a troca de embaixadores por não estarem vendendo uma boa imagem do Brasil no exterior. Segundo ele, os meios de comunicação do exterior o tratavam constantemente como "racista, homofóbico e ditador". Nessa frente, o presidente quer mandar o filho, deputado Eduardo Bolsonaro (PSL-SP), para a embaixada em Washington.
Desgaste
A iniciativa de investir numa melhora de imagem ocorre depois de episódios que desgastaram o presidente no exterior, como o cancelamento de uma festa com empresários para homenageá-lo em Nova York - ele recebeu o prêmio no Texas - e da prisão de um militar que apoiaria a comitiva presidencial com 39 kg de cocaína na Espanha, por tráfico de drogas.
Nas prestações de contas da Secom, não constam gastos neste ano com mídia fora do Brasil. Em janeiro, o governo cancelou um contrato de relações públicas com a imprensa estrangeira, firmado com a CDN, no valor de R$ 30 milhões. Também cortou de R$ 89 milhões para R$ 52 milhões os dois contratos de produção de conteúdo digital com a TV1 e a Agência Click. A gestão Bolsonaro tem dado prioridade a ações com equipes de servidores.
O atendimento direcionado a correspondentes foi desmobilizado. O presidente, por exemplo, ainda não recebeu nos seus tradicionais cafés da manhã os jornalistas estrangeiros. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.