Alessandra Alves/Estado de Minas
postado em 17/07/2019 14:53
As redes sociais demonstraram sua força mais uma vez e fizeram com que a organização de uma feira de livros em Jaraguá do Sul, Santa Catarina, cancelasse a participação da jornalista Miriam Leitão no evento. O marido dela, o sociólogo Sérgio Abranches, também teve sua participação cancelada. Segundo nota emitida pelos organizadores, o recuo se deu por conta das manifestações da população jaraguaense.
Logo depois que a programação da 13; Feira do Livro de Jaraguá do Sul foi anunciada, as redes sociais foram inundadas por manifestações contrárias à presença do casal. Uma petição foi criada no site AVAAZ.Org, sob o nome "Contra a presença de Miriam Leitão na Feira do Livro de Jaraguá do Sul/SC" e reuniu cerca de 3.500 assinaturas.
"Ocorre que por seu viés ideológico e posicionamento, a população jaraguaense repudia sua presença, requerendo assim, que a mesma não se faça presente em evento tão importante em nossa cidade", diz o texto publicado na petição.
Já os organizadores publicaram nota dizendo que em 12 anos, a feira já enfrentou inúmeras dificuldades, mas nunca havia sido atacada pela escolha de seus convidados. Porém, "em virtude das recentes manifestações, a comissão organizadora, em votação na manhã desta terça-feira, optou pelo cancelamento da participação dos jornalistas Miriam Leitão e Sérgio Abranches".
Eleições presidenciais
Nas eleições presidenciais de 2018, Jaguará do Sul foi uma das cidades com maior número de votos proporcionais a Jair Bolsonaro. Por lá, o presidente da República venceu o segundo turno com 83,23% dos votos, contra 16,77% de Fernando Haddad. No primeiro turno, a diferença já havia se mostrado grande, com Bolsonaro à frente, com 72,38% dos votos, seguido por Fernando Haddad, com 9,59% e Ciro Gomes, com 5,53%.
Fernando Henrique Cardoso
O caso chegou ao ex-presidente Fernando Henrique Cardoso, que se manifestou nas redes sociais: "A intolerância é inaceitável. As ameaças a Miriam Leitão e Sérgio Abranches em uma festa literária mais que entristecem: são inaceitáveis e envergonham os que acreditamos na liberdade como base da convivência. Discórdia faz parte do jogo democrático, impedir a voz, não".