Bolsonaro relembrou que Gustavo Montezano morava no mesmo condomínio, no Rio de Janeiro, o que levou à amizade que tem desde mais jovem com Eduardo Bolsonaro e o senador Flávio Bolsonaro (PSL-RJ).
;Quando (Guedes) me apresentou o garoto, eu também me empolguei;, afirmou o presidente da República. ;Como o morador do condomínio, acompanhava, em parte, as atividades deles todos. E vi que daquela garotada da Dona Maria do 71, temos um presidente do BNDES, temos um senador da República (Flávio Bolsonaro), que por ser meu filho tem seus problemas potencializados. E temos, também, se Deus quiser, o embaixador na potência mais importante do mundo;, acrescentou.
Gustavo Montezano é filho de Roberto Montezano, que trabalhou durante ;15 a 20 anos; com o atual ministro da Economia, Paulo Guedes. Ele foi escolhido para ocupar o cargo vago pelo economista Joaquim Levy, que pediu exoneração após desentendimento com Bolsonaro. ;Esse garoto que está aí eu conheço desde piá, lá na Dona Maria, do 71. Amigo dos meus filhos. Essa juventude merece respeito;, enfatizou o presidente da República.
Bolsonaro também apresentou o sobrinho, que é cadete da Polícia Militar de Goiás. A comitiva da corporação enviaram um convite para o presidente assistir a cerimônia de declaração de aspirante no próximo dia 26, evento no qual ele disse que irá comparecer.
Ao citar os esforços dos mais jovens, o presidente disse que, apesar de Eduardo Bolsonaro ter sido filho de deputado federal, Bolsonaro não pôde custear os estudos do filho no exterior de forma integral.
Todos vocês lutaram muito para chegar na posição em que chegaram. Muitos fritaram hambúrguer. Até porque, o pai, apesar de ser deputado federal, não tinha como bancar um aperfeiçoamento dele (Eduardo Bolsonaro) no intercâmbio a não ser que ele trabalhasse nos Estados Unidos. Nessa juventude nós acreditamos;, alegou Bolsonaro.
Sobre a atuação de Montezano no BNDES, o chefe do Executivo disse que será uma gestão transparente, servindo o povo, ;que nós devemos ter uma terrível lealdade;. Montezano deverá ter uma atuação em sintonia com a Secretaria de Desestatização do Ministério da Economia. Aprovada a reforma da Previdência, o governo tem interesse em acelerar a agenda de privatizações.
Bolsonaro também quer que se abra a ;caixa preta; do BNDES para revelar financiamento de empreendimentos que não são de interesse para o Brasil, como aplicações de recursos em outros países, como Cuba e Venezuela.
A tarde, o presidente do BNDES, Gustavo Montezano, dará coletiva de imprensa no Ministério da Economia para dar mais detalhes sobre a sua atuação no banco de desenvolvimento.
Desentendimento
Montezano havia sido anunciado para o cargo há quase um mês. Ele foi escolhido após desentendimento do presidente Jair Bolsonaro com o antecessor Joaquim Levy, que estava comandando o BNDES desde janeiro.
Levy pediu exoneração no governo depois que Bolsonaro ameaçou, via imprensa, demitir o então presidente do banco de desenvolvimento. O presidente disse que o economista estava ;com a cabeça a prêmio;.
Para Bolsonaro, Joaquim Levy não atuava com transparência e se recusava a cumprir promessas feitas ao eleitores, como a abertura da caixa-preta do BNDES. Apesar da pressão, Levy alegava que todas as informações eram públicas e estavam liberadas no site do banco.
A gota d;água para Bolsonaro demitir Levy foi a nomeação, pelo ex-presidente do BNDES, do advogado Marcos Barbosa Pinto, para a diretoria de Mercado de Capitais da instituição. Ele havia trabalhado no banco durante os governos petistas.
Desde o início do governo, o chefe do Executivo demonstrou insatisfação com a indicação de Levy para o BNDES, já que ele havia chefiado o Ministério da Fazenda no governo Dilma Rousseff. O ministro da Economia, Paulo Guedes, defendeu a indicação, mas, nos últimos dias do ex-presidente do banco de desenvolvimento, não lutou pela permanência dele no cargo.
Perfil
Montezano assumiu o posto de secretário-adjunto de Desestatização em 2019, quando foi montada a equipe econômica. Ele era o ;vice; de Salim Mattar, atual secretário da pasta, que também era cotado para o cargo de presidente do BNDES.
Com 38 anos, o novo presidente do BNDES foi sócio do BTG Pactual e trabalhava em Londres na ECTP (Ex- BTG Pactual Commodities) antes de ir para o Ministério da Economia. Ele fez mestrado em economia pela Faculdade de Economia e Finanças (Ibmec-RJ) e também é graduado em Engenharia pelo Instituto Militar de Engenharia (IME-RJ). Iniciou sua carreira como analista de Private Equity no Opportunity, no Rio de Janeiro.