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Bolsonaro decide manter ministro do Turismo enquanto PF investiga suspeitas

Marcelo Álvaro Antônio é suspeito de liberar verbas públicas para candidaturas laranjas, em Minas Gerais, quando era presidente do diretório estadual do PSL

O ministro do Turismo, Marcelo Álvaro Antônio, está na berlinda. Mais do que nunca, só quem o segura no cargo é o presidente Jair Bolsonaro, que aguardará o término das investigações da Polícia Federal (PF) para decidir se o mantém ou não no cargo. Suspeito de liberar verbas públicas para candidaturas laranjas nas últimas eleições, em Minas Gerais, quando era presidente do diretório estadual do PSL.

No entanto, cada vez mais as apurações policiais fecham o cerco. A PF indiciou nesta segunda-feira um assessor e dois ex-assessores, ambos presos durante a operação Sufrágio Ostentação, que investiga o repasse irregular de recursos de financiamento de campanha a quatro suspeitas ; também indiciadas ; de terem sido usadas em um esquema para desvio de dinheiro do fundo eleitoral.

A permanência de Álvaro Antônio não é apoiada nem pelo próprio PSL. A bancada do partido na Câmara se mostra incomodada com as investigações, por colocar alguém do partido na mira da PF. ;A situação não é confortável, e não estou falando só do diretório mineiro. É um constrangimento de norte a sul do país;, criticou um deputado da legenda. A legenda é a mesma de Bolsonaro, eleito com o discurso de lutar contra a corrupção.

Embora a demissão não tenha sido confirmada, os boatos sobre possíveis sucessores começam a ser ventilados na Esplanada dos Ministérios. Um deles é o do deputado Roberto de Lucena (Podemos-SP), vice-presidente da bancada evangélica. A bancada do Podemos, no entanto, nega. Pessoas próximas da presidente nacional do partido, deputada Renata Abreu (SP), dizem que não houve consulta sobre o tema. ;É muito difícil (o Lucena ocupar). O perfil me parece mais favorável para o (José) Medeiros (MT, vice-líder do governo na Câmara) ou para o (Marco) Feliciano (SP);, disse um interlocutor.

O fogo amigo para a queda do ministro do Turismo é de conhecimento de Bolsonaro, que prega a conclusão das investigações. ;Acabei de conversar com nosso presidente e, entre outros assuntos, ele demonstrou reconhecimento ao trabalho que tem sido desenvolvido pelo ministro do Turismo. Especialmente o caso, ele aguarda as investigações da PF para, após, analisá-las, tomar as decisões que sejam necessárias, de manutenção ou não, mas não são decisões que estejam ensejando averbação;, destacou o porta-voz da Presidência da República, Otávio Rêgo Barros.

O posicionamento é o mesmo desde a viagem ao Japão, onde Bolsonaro participou da cúpula do G-20. ;Por enquanto, não tem nada. Uma vez tendo, como conversado com Moro (ministro da Justiça), lá atrás, qualquer coisa mais robusta contra uma ação irregular de um ministro, as providências vão ser tomadas da nossa parte;, ressaltou Bolsonaro na sexta-feira. No mesmo dia, disse que, ;até segunda-feira;, o ministro estaria no cargo. ;Até segunda-feira, os 22 são ministros;, acrescentou.

Receio

A postura de Bolsonaro é compreendida por aliados no Palácio do Planalto. Afinal, quatro ministros foram exonerados pelo presidente em menos de seis meses completos de governo. No entanto, esticar a permanência do ministro é visto com receio por alguns no governo e no Congresso. Mateus Von Rondon, assessor especial de Marcelo, foi um dos indiciados. Roberto Silva Soares, um dos coordenadores da campanha, e Haissander Souza de Paula, ex-assessor, são os outros.

As investigações ainda seguem em curso. Ao serem concluídas, caberá o Ministério Público analisar o material e decidir se oferecerá ou não denúncia à Justiça. Indiciamentos à parte, o juiz Renan Chaves Carreira Machado, da 26; Zona Eleitoral de Belo Horizonte, mandou soltar os três assessores, por entender que a prisão temporária, válida por cinco dias, cumpriu os objetivos.

O ministro do Turismo e Bolsonaro devem se encontrar nos próximos dias. Havia uma expectativa de que o encontro ocorresse hoje, mas a reunião foi postergada, confirmou Barros. ;Havia previsão de encontro do ministro do Turismo com o presidente para amanhã. Não obstante, a agenda está muito cheia e teremos a reunião do Conselho de Governo. Há previsão para quarta ou quinta-feira que o encontro se faça realizado;, destacou.