Jornal Correio Braziliense

Politica

O estigma da ideologia

Os seis meses do governo do presidente Jair Bolsonaro na educação produziram mudanças cujos efeitos devem ser sentidos por muitos anos, mais precisamente no orçamento do setor, na atuação dos professores e na autonomia das universidades federais. Com o repetido argumento de que é necessário ;eliminar o viés ideológico; na Esplanada dos Ministérios, o governo tem promovido uma guinada conservadora nas salas de aula, inclusive estimulando os alunos a denunciarem professores que falarem de política, sexualidade ou outros temas que o governo considera ;de esquerda; ou ;comunistas;.

A presença, no Ministério da Educação, de seguidores do guru Olavo de Carvalho, principal inspiração de Bolsonaro, transformou um dos mais importantes e tradicionais órgãos do país em um ring de disputas de poder. O ministro Ricardo Vélez Rodríguez, após sucessivos desgastes, foi demitido por Bolsonaro três meses após assumir o cargo.

Rodríguez foi substituído por Abraham Weintraub, até então secretário executivo da Casa Civil da Presidência. O que se vê desde então é uma radicalização conservadora ainda maior, com direito à utilização do orçamento para intimidar as universidades federais.

No fim de abril, Weintraub anunciou um corte de 30% nos orçamentos da Universidade de Brasília (UnB), da Universidade Federal Fluminense (UFF) e da Universidade Federal da Bahia (UFBA), acusadas por ele de fazerem ;balbúrdia;. Dias depois, estendeu o corte para todas as universidades federais.

Nesse contexto, o ministro também pediu para denunciar os professores que estimularem os alunos a participarem de manifestações.

Enquanto isso, a educação brasileira vive um momento de paralisia e de incertezas sobre o futuro (R.C e J.V).