Segundo o relator, Rodrigo Pacheco (DEM-MG), os artigos 8 e 9 do PLC 27/2017, sobre abuso de autoridade, ;coíbem excessos, situações esdrúxulas que não devem ocorrer no serviço público. Mas, claro, não impedem o trabalho de quem atua nesses meios;. Ele disse ter tido ;o maior cuidado; ao criar o Estatuto do Abuso de Autoridade, ouvindo juízes, procuradores e associações. ;Muitas sugestões foram acolhidas das observações dos senadores.;
Questionado sobre a possibilidade de banalização do abuso de autoridade, Pacheco defendeu o texto. ;Não será fácil nem banalizado. Estamos falando de hipóteses flagrantes que estamos acostumados a ver no Brasil. São exceções, mas são exceções protuberantes. Corrigimos o erro do dolo genérico;, frisou. ;Aquele que age de boa-fé não cometerá abuso de autoridade, e responderá por denunciação caluniosa quem disser que alguém fez algo que não fez.;
Jader Barbalho (MDB-PA), que responde a inquérito na Lava-Jato, afirmou que ;não deve existir uma ;elitezinha; que pode fazer o que quiser;. Humberto Costa (PT-PE) fez coro. Segundo ele, o projeto ;vai amedrontar o promotor que extrapola sua função para desrespeitar o direito do processado, vai amedrontar o juiz que faz conluio com a acusação;. ;Fizemos um projeto parecido que está na Câmara, para qualificar mais pessoas nessa lei, não só juízes e procuradores, mas o texto está parado;.
Já Lasier Martins (Podemos-RS) criticou o projeto. ;Quando o cidadão for julgado, vai colocar em xeque a atuação do procurador e do juiz;, ressaltou. Marcos do Val (Cidadania-ES) chamou o texto de ;Lei da Mordaça; ; apelido que vem da Câmara dos Deputados.
Em nota, a Associação Nacional dos Membros do Ministério Público afirmou que o projeto constitui ameaça à efetividade das investigações e ações ministeriais, especialmente as que se referem à criminalidade organizada, ;na medida em que pode importar em intimidação à atividade funcional do Ministério Público e também do Poder Judiciário;. ;Há tempos tentavam avançar com essa proposta, sob a frágil justificativa de impedir abusos de juízes e promotores. Na verdade, o que se pretende, é dificultar a atuação desses agentes públicos no combate aos crimes de corrupção e de colarinho-branco;, afirma o presidente da entidade, Victor Hugo. ;É sintomático que as medidas aprovadas hoje (nesta quarta-feira ; 26/6) pelos representantes do povo estejam sendo comemoradas por aqueles envolvidos em investigações criminais.;
O que diz o projeto
Pelo texto aprovado em plenário, juízes e procuradores incorrem em abuso quando:Juiz
; Proferir julgamento quando impedido por lei;
; Atuar com ;evidente; motivação política;
; Expor opinião em meios de comunicação antes do fim do processo (seja o julgador ou não);
; Exercer cargo além da magistratura, salvo o de professor. Em empresas, nunca poderá ser sócio ; apenas acionista;
; Receber recompensa financeira, por exemplo, pela atuação em processos.
Procurador
; Instaurar processos sem provas e indícios suficientes;
; Recusar-se a praticar sua função;
; Receber incentivo financeiro no decorrer do processo;
; Atuar como advogado;
; Expressar, nos meios de comunicação, ;juízo de valor indevido; durante processos inconclusos. Só poderá se manifestar nos autos;
; Atuar com ;evidente; motivação política.
Punição
; Autoridades que violarem as regras estarão sujeitas à pena de seis meses a dois anos, além de multa.