Jornal Correio Braziliense

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Ministro diz que agiu com lisura



O ministro da Justiça, Sérgio Moro, afirmou ontem, em entrevista no Programa do Ratinho, do SBT, que a violação do sigilo de suas comunicações e de procuradores da força-tarefa Lava-Jato é feita por ;um grupo criminoso organizado;, que pretende prejudicar as investigações e anular as penas dos condenados por corrupção. Ele disse também não se lembrar se realmente enviou, pelo aplicativo Telegram, as mensagens que vêm sendo divulgadas pelo site The Intercept.

;Em relação às minhas mensagens, o que eu troquei ou não troquei, eu não posso nem confirmar, porque eu não tenho mais as mensagens. Mas eu tenho a mais absoluta confiança de que sempre agi com lisura dentro da minha profissão;, frisou, rebatendo as acusações de que aconselhou procuradores da força-tarefa em questões relacionadas a processos.

Apresentado por Ratinho como ;o único herói brasileiro no momento;, Moro disse estar tranquilo em relação à sua conduta à frente da 13; Vara Federal de Curitiba. No entanto, afirmou que os ataques cibernéticos são motivos de preocupação.

;Eu acho que todos nós devemos nos preocupar, porque é um ataque, de certa maneira, às instituições. Não só eu fui vítima dessa tentativa, mas também procuradores da Lava Jato. Nós temos notícias até de jornalistas, igualmente até de parlamentares, ou seja, é um ataque orquestrado;, destacou.

;E aqui, a minha opinião ; a Polícia Federal está investigando, com independência e autonomia ;, é que a gente não está falando de um adolescente na frente de um computador querendo fazer algumas estripulias, mas sim de um grupo criminoso organizado, cujo objetivo, na minha opinião, é obstaculizar os avanços das investigações da Operação Lava-Jato;, declarou. Ele contou que o trabalho na força-tarefa sempre ;foi muito difícil, de muita pressão de gente poderosa;. ;Em vários momentos, eu pensava se era possível romper essa impunidade da grande corrupção.;

Moro afirmou que, nos últimos dias, foi deflagrada uma estratégia de contrainteligência pelos responsáveis pelos vazamentos, com o objetivo de prejudicar a apuração sobre os ataques cibernéticos. ;Na semana passada, esse hacker começou a invadir alguns telefonemas e começou a fazer brincadeiras. E qual era a intenção? A de passar aquela ideia de adolescente irresponsável. Nesse final de semana, circulou uma outra informação de contrainteligência, de que seria um procurador (o autor dos vazamentos), que teria traído os demais;, enumerou. ;Eu vi o meu telefone, a tentativa de ele ser atacado. Recebi três ligações do meu número e, em seguida, invadiram aquele aplicativo Telegram. Então, não é alguém que traiu. Existe, sim, um grupo criminoso organizado cujo objetivo é obstaculizar as investigações ou buscar a anulação de quem já foi condenado por corrupção.;

Convite para
Dallagnol

A Comissão de Constituição e Justiça (CCJ) do Senado aprovou, ontem, requerimento para que o procurador Deltan Dallagnol, coordenador da força-tarefa da Lava-Jato em Curitiba, compareça à Casa e explique a troca de mensagens com o então juiz Sérgio Moro. Presidente da comissão, a senadora Simone Tebet (MDB-MS) afirmou que o colegiado vai entrar em contato com o procurador para agendar uma data, caso ele aceite o convite. Pela Constituição, os senadores só podem convocar uma autoridade que seja subordinada diretamente ao presidente da República, o que não é o caso de procuradores.