Dos 26 parlamentares aptos a fazer perguntas ao ministro, pelo menos cinco foram denunciados pela Lava-Jato. Entre eles, o ex-presidente do Senado Renan Calheiros, que responde a 13 inquéritos no Supremo Tribunal Federal.
Para convencer os senadores de que agiu tecnicamente, Moro repetirá que conversas entre as partes do processo fazem parte do jogo, desde que não causem impacto no resultado do julgamento. A base do governo vai tentar blindar o ministro de críticas, enquanto a oposição buscará prejudicar a imagem de Moro ; e, de quebra, do governo ;, que desfruta de grande popularidade justamente pela atuação do então juiz na maior operação de combate à corrupção da história do Brasil. Fato é que o cenário estará bastante hostil ao convidado.
A segurança do Senado foi reforçada para a chegada do ministro. Ele não deixou de comparecer a eventos públicos e manteve a sua agenda oficial após as divulgações dos diálogos. No entanto, tem evitado responder a perguntas da imprensa.
A sabatina desta quarta-feira (19/6) é fundamental para os próximos passos de Moro. Ele começa a sofrer bombardeio no Congresso, o que impede o avanço do seu projeto anticrime e de outras pautas do governo. Além disso, fica cada vez mais difícil ganhar o aval do Senado para assumir uma vaga no Supremo.
;Melindrar;
Nesta terça-feira (18/6), Moro se reuniu com integrantes da Frente Parlamentar pela Agricultura da Câmara, em Brasília. De acordo com o deputado Alceu Moreira (MDB-RS), o ministro falou sobre as acusações e se defendeu, afirmando que todas as condenações que realizou ocorreram com base na legislação. ;Diga-me um só julgado que seja, de qualquer um desses crimes, que não esteja coberto pela lei;, teria dito o ex-juiz, de acordo com o deputado. Moro também teria afirmado que não procede a informação de que as conversas foram vazadas por um procurador que participava dos grupos do aplicativo pelo qual foram trocadas as mensagens.
Nesta terça-feira (18/6) à noite, o Intercept divulgou mais um trecho de conversas entre Moro e Dallagnol. O site deixa a entender que o então juiz quis proteger o ex-presidente Fernando Henrique Cardoso. Nos diálogos, Moro questionou o procurador sobre uma investigação contra o tucano, a classificou como fraca e disse que poderia ;melindrar alguém cujo apoio é importante;. O site Antagonista, no entanto, mostrou que as frases publicadas pelo Intercept estavam fora de contexto. Moro disse que viu reportagem sobre caixa 2 contra FHC na tevê e achou muito fraco. Ele perguntou também se o eventual crime não estava prescrito. Dallagnol respondeu que não foi analisada a prescrição, ao que o então juiz respondeu: ;Acho questionável, pois melindra alguém cujo apoio é importante;.
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