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TCU recomenda aprovar contas de 2018 do governo Michel Temer com ressalvas

Relatório da ministra Ana Arraes trazia 27 recomendações e cinco alertas, mas ministros derrubaram uma orientação, sobre despesas futuras com militares inativos

Os ministros do Tribunal de Contas da União (TCU) recomendaram, por unanimidade, aprovar com ressalvas as contas do governo Michel Temer, exercício de 2018. O parecer da relatora, ministra Ana Arraes, foi julgado nesta quarta-feira (12/6) e será enviado ao Congresso, responsável por analisar as contas anuais do governo federal.

Em seu relatório, a ministra Ana Arraes fazia 27 recomendações e cinco alertas. Porém, o item que determinava, à Casa Civil e à Secretaria do Tesouro Nacional e ao Ministério da Defesa, a implementação de práticas que permitissem a mensuração das despesas futuras com militares inativos, foi retirado do parecer.

O TCU alertou para a necessidade de manutenção da oferta de serviços básicos diante dos sucessivos deficits primários e o risco de descumprimento da regra de ouro, que impede o governo de emitir títulos da dívida para pagar despesas correntes, como salários e aposentadorias, além de manter programas sociais. Diz o relatório: ;Em 2018, essa regra foi cumprida, mas com uma margem de suficiência reduzida (R$ 35,8 bilhões).;

Na projeção para 2019, a margem de suficiência é calculada em R$ 139 bilhões, com previsão de incorporação de receitas oriundas do resultado positivo do balanço do Banco Central de R$ 167,1 bilhões e de outras formas como dividendos e retornos de operações de crédito R$ 13,1 bilhões. Para o ministro Raimundo Carrero, a trajetória é insustentável. ;É uma situação de risco, por isso é imperioso que o tribunal permaneça atento;, disse.

O relatório da ministra Ana Arraes também ressaltou que a expansão das despesas obrigatórias acarreta riscos do descumprimento do teto de gastos. Carrero destacou que o deficit primário foi de R$ 120 bilhões em 2018 e a dívida alcançou 77,2% do Produto Interno Bruto (PIB).

A concessão e ampliação de benefícios tributários que resultaram em renúncia de receita também foram alvo de alertas do TCU, que ainda reclamou da falta de acesso às informações da Receita Federal, o que vem atrapalhando a análise das contas públicas.

Para o ministro Bruno Dantas, a União ;não está fazendo o dever de casa;. ;É preciso emitir sinais mais claros de que o governo não está apenas exigindo da sociedade sacrifício, é preciso que o governo renegocie contratos, reduza despesas correntes. Não é possível viver a base de receitas extraordinárias, alienando campos de petróleo e linhas de transmissão;, destacou.

Dantas também chamou a atenção para isenções e benefícios fiscais. ;Houve acentuada curva de aumento. Em 2018, os benefícios fiscais alcançaram R$ 314,2 bilhões, 25% de toda a receita primária da União foi concedida para agentes privados por meio de renúncias, o que representa 4,6% do PIB;, afirmou.

O ministro Dantas foi quem pediu a derrubada da recomendação sobre as despesas futuras com militares inativos. A solicitação foi atendida e o relatório aprovado por unanimidade.