O Ministério Público Federal no Paraná divulgou detalhes sobre as técnicas usadas pelo hacker para ter acesso a conversas mantidas entre o então juiz Sérgio Moro, o procurador Deltan Dallagnol e demais integrantes da Lava-Jato. De acordo com o órgão, os alvos tiveram os aparelhos celulares clonados, assim como ;contas em aplicativos de comunicação instantânea;. Os ataques ocorrem desde abril e estão sendo investigados pela Polícia Federal. Familiares dos alvos, de acordo com a investigação, também sofreram tentativas de ataques em celulares e computadores.
;O modo de agir agressivo, sorrateiro e dissimulado do criminoso é um dos pontos de atenção da investigação. Aproveitando falhas estruturais na rede de operadoras de telefonia móvel, o hacker clonou números de celulares de procuradores e, durante a madrugada, simulou ligações aos aparelhos dos membros do MPF;, informou o MP.
Ainda de acordo com o órgão, para atingir os objetivos, o hacker, ;valeu-se de ;máscaras digitais;;, indicando como origem dessas ligações diversos números, como os dos próprios procuradores, os de instituições da República, além de outros do exterior. As ligações eram feitas durante a noite, com o objetivo de identificar a localização da antena (ERB) mais próxima do aparelho celular, viabilizando assim a intrusão, além de fazer com que o ataque não fosse descoberto.
O consultor de segurança digital Leonardo Sant;Anna disse que existem diversos meios para invadir celulares. ;A invasão pode ocorrer por meio da rede de internet wi-fi, pela clonagem de celular, instalação de programa malicioso etc.; Ele afirmou que encontrar o autor é tarefa difícil.
Perícia
A Associação Nacional dos Peritos Criminais Federais (APCF) explicou que os celulares de Moro e Dallagnol devem ser periciados, como obriga o Código de Processo Penal, se for aberta uma investigação sobre o caso no MP, no Superior Tribunal de Justiça ou na PF. ;É um fator de nulidade processual, caso o exame pericial não seja feito. Mas, para isso, é necessário haver a intimação de um juiz, um procurador ou um delegado. A partir disso, podemos trabalhar para chegar à materialidade do fato acontecido, à dinâmica e à autoria de quem o fez;, disse o presidente da APCF, Marcos Camargo.