O ministro da Justiça, Sérgio Moro, e o procurador Deltan Dallagnol disseram, ontem, ser ;normal; o diálogo extraoficial entre juízes e integrantes do Ministério Público e defenderam a isenção da Lava-Jato. ;É muito natural, é normal que procuradores e advogados conversem com o juiz mesmo sem a presença da outra parte;, disse Dallagnol, em vídeo publicado nas suas redes sociais.
;Não tem nenhuma orientação ali naquelas mensagens. E eu nem posso dizer que são autênticas, porque são coisas que aconteceram e, se aconteceram, foram há anos. Eu não tenho mais essas mensagens. Eu não guardo, não tenho registro disso. Mas ali não tem orientação nenhuma;, afirmou Moro, ao desembarcar em Manaus, onde cumpriu agenda ontem.
Questionado por que manteve contato com os procuradores via mensagem de texto de aplicativo, Moro afirmou que ;é algo normal;. ;Os juízes conversam com procuradores, conversam com advogados, conversam com policiais. E isso é algo normal. Se houve alguma coisa nesse sentido (de direcionamento), são operações que já haviam sido autorizadas, e isso é questão de logística de saber como fazer;, declarou o ministro.
No vídeo, Dallagnol disse que a Lava-Jato sofreu um ;ataque gravíssimo;. Segundo ele, um ;criminoso; teria se passado por jornalistas e por procuradores e invadido celulares. Dallagnol disse temer que a atividade criminosa ;avance agora para falsear e deturpar fatos;.
Ele afirmou que integrantes da força-tarefa não reconhecem a ;fidedignidade dessas mensagens que foram espalhadas;, embora concorde que elas ;podem gerar algum desconforto em alguém;.
Segundo Dallagnol, eram ;robustas; as provas apresentadas pelo Ministério Público na denúncia do caso do triplex, que resultou na condenação e prisão do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva. ;Essa robustez ficou evidenciada com a concordância de nove julgadores em três instâncias diferentes.;
;A Lava-Jato Curitiba sofreu um ataque gravíssimo por parte de um criminoso;
Deltan Dallagnol, procurador
Ensaio para uma CPI
Se no governo o tom foi de defesa em relação a Moro, no Congresso, a oposição anunciou que pretende usar o episódio para desgastar a imagem do ex-juiz da Lava-Jato. Parlamentares pretendem pedir a sua convocação e passaram a reunir apoio para abrir uma CPI para investigar as suspeitas de irregularidades na operação, que levou à prisão diversos políticos. Segundo interlocutores, os presidentes da Câmara, Rodrigo Maia (DEM-RJ), e do Senado, Davi Alcolumbre (DEM-AP), foram cautelosos na avaliação dos desdobramentos do caso. O mesmo discurso de cautela foi adotado por líderes do Centrão. ;Eu não vou agora fazer com esses o que eu sempre preguei o contrário para todos. O que eu defendo é que se faça com responsabilidade, somente isso, para que não haja prejulgamento;, disse o deputado Aguinaldo Ribeiro (PP-PB), líder da Maioria na Câmara.