Os líderes partidários fecharam o domingo com uma reunião na casa do presidente da Câmara, Rodrigo Maia, onde discutiram os principais pontos a serem alterados na reforma da Previdência proposta pelo governo, entre elas a inclusão de uma regra de transição para a nova aposentadoria do servidor público, algo que não aparecia no texto do governo. Também estava em pauta o crédito de R$ 248,9 bilhões, que irá à votação nesta semana e foi, inclusive, tema dos tuítes do presidente Jair Bolsonaro ontem. São os dois assuntos que prometem agitar o cenário político esta semana.
A reunião na casa de Maia foi vista como um movimento no sentido de evitar que os tuítes do presidente comprometam o cenário de discussão dos últimos retoques no texto do relator Samuel Moreira (PSDB-SP) sobre a reforma da Previdência. No fim de semana, o presidente recorreu ao Twitter para pressionar deputados, a aprovar o crédito suplementar de R$ 248,9 bilhões e colocou a culpa de cortes de serviços na conta da oposição, caso o Congresso não aprove o crédito esta semana.
;A oposição está trabalhando para inviabilizar o pagamento de beneficiários do Bolsa Família, idosos com deficiência, Plano Safra e Pronaf. Para alcançar seus objetivos vale até prejudicar os mais pobres;, escreveu, num tuíte em que inseriu imagem de postagem do vice-líder do PT, deputado Carlos Zarattini. O deputado reagiu e colocou a culpa no próprio Tesouro Nacional.
;Em primeiro lugar, o próprio Tesouro Nacional disse que não precisa de R$ 248 bilhões, mas de R$ 146 bilhões. Está no relatório. Não sou eu quem está dizendo. Eles querem ter liberdade de endividar ainda mais o país. Em segundo, para aprovar o crédito, queremos que o governo libere os recursos contingenciados da educação, da farmácia popular, da ciência e tecnologia e que aporte R$ 5 bi no Minha Casa Minha Vida, para tentar diminuir o desemprego no Brasil;, elencou.
Sobre a imagem de sua publicação no tuíte do presidente, o petista chamou Bolsonaro de ;fake news;. ;Ele sempre hostiliza o PT para criar um inimigo. Isso para o público que ele conversa normalmente é certeza de mais likes. O presidente tem uma relação muito ruim com o Congresso e tem sofrido derrotas, uma atrás da outra. Se ele continuar nesse embalo, terá derrotas ainda mais graves, como a reforma da Previdência;, afirmou.
Não é a primeira postagem de Bolsonaro sobre o crédito suplementar. ;Sem aprovação do PLN 4 pelo Congresso teremos que suspender o pagamento de benefícios a idosos e pessoas com deficiência já no próximo dia 25. Nos meses seguintes faltarão recursos para aposentadorias, Bolsa Família, Pronaf, Plano Safra;, publicou o presidente no sábado. Zarattini, por sua vez, já havia dito que a oposição quer ;aprovar a liberação do dinheiro para os programas sociais, mas que não dará ;um cheque em branco; para o governo.
Em troca do crédito, a oposição exige do governo a garantia de R$ 11 bilhões para recompor orçamentos da Educação e do Minha Casa Minha Vida, entre outros. Na última quarta, depois de fracassada a tentativa de aprovar o crédito na Comissão Mista de Orçamento (CMO), os parlamentares tentaram um acordo sobre o pedido dos oposicionistas, num encontro a portas fechadas, na sala da presidência do colegiado. Sem sucesso, as negociações ficaram para esta semana. Hoje, as conversas serão retomadas num clima mais hostil por causa das ameaças do presidente.