Integrante da comitiva que acompanha o presidente Bolsonaro à Argentina, o ministro da economia, Paulo Guedes, está confiante de que o Mercosul e a União Europeia (UE) vão fechar ;em quatro ou cinco semanas; o acordo comercial que discutem há 20 anos. Negociadores dos dois blocos se encontram no fim do mês em Bruxelas, para uma reunião ministerial.
;O Brasil está abrindo sua economia gradualmente, aumentando, primeiro, a integração com os parceiros regionais, depois partindo rumo à OCDE (Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico) e acordos com a União Europeia;, disse Guedes, para quem o Mercosul ;ficou estagnado devido a uma ideologia obsoleta, quando houve 10 anos de negociações sem resultados;. Mais tarde, o presidente argentino, Maurício Macri, confirmou que Brasil e UE ;estão muito perto de um acordo;.
Ao lado de Bolsonaro, em uma live para as redes sociais, ontem à noite, Guedes acrescentou que Brasil e Argentina são duas potências energéticas e agrícolas, que devem integrar energia e agricultura. ;O Mercosul virou um atraso para o crescimento e uma ameaça à democracia, como na Venezuela. A palavra de ordem agora é liberdade econômica;, disse.
Na opinião do vice-presidente do Centro Brasileiro de Relações Internacionais (Cebri), Alfredo Graça Lima, que foi embaixador na representação do Brasil em Bruxelas entre 2002 e 2005, ;os elementos objetivos conspiram mais contra do que a favor; do acordo com o bloco europeu. Ele explica que a oferta europeia com relação a acesso ao mercado agrícola continuar restrita, e que o Mercosul quer adotar cotas para produtos industriais, como automóveis.
;O valor da negociação é mais político do que comercial e pode ter um peso institucional ou um efeito mais administrativo no comércio entre os dois blocos, embora o discurso seja de liberalização;, disse. De acordo com Graça Lima, a concessão de subsídios à produção agrícola europeia reduz a competitividade dos produtos brasileiros no mercado europeu. Ele lembra ainda que, já em 2004 e 2005, o Brasil tinha muitas dificuldades para aceitar as cláusulas ambientais da União Europeia (CD).
Cachaça
reconhecida
A ministra da Agricultura, Tereza Cristina, disse ontem que um dos resultados da visita do presidente Jair Bolsonaro à Argentina será o reconhecimento, pelo país vizinho, da cachaça brasileira como um produto de origem controlada, o que significa uma proteção contra o uso do nome da bebida em produtos similares fabricados em outros países. ;A Argentina vai, finalmente, reconhecer a identidade geográfica da cachaça brasileira;, disse a ministra, em live para redes sociais, ao lado de Bolsonaro, ontem à noite.