Sem ;tropeços ou movimentos erráticos;, a Câmara pode aprovar a reforma da Previdência no fim deste mês ou na primeira quinzena de julho no plenário. Sabendo das limitações da articulação governista e a resistência de alguns parlamentares, o presidente da Casa, deputado Rodrigo Maia (DEM-RJ), defendeu que é possível cumprir o cronograma, mas admitiu que o prazo é otimista. O relator da proposta na Comissão Especial, deputado Samuel Moreira (PSDB-SP), afirmou que o parecer ficará pronto até a próxima segunda, 10.
Maia começou a conversar com as lideranças para sondar a questão dos votos no plenário, porque, segundo ele, a reforma não pode ir para votação com ;o risco de perder;. Para aprovação, são necessários 308 votos ; ou seja, três quintos dos parlamentares. O presidente da Câmara disse, porém, que é preciso ter 350 votos contabilizados para garantir que a Proposta de Emenda à Constituição (PEC) passe com folga pela Casa.
O recesso parlamentar se inicia no dia 17 de julho, e Maia quer solucionar o tema antes disso. O presidente da Câmara ressaltou que é exagero pensar que a Casa votará a proposta em 10 dias no plenário, onde o texto precisa ser analisado em dois turnos. Por enquanto, a matéria ainda está na comissão especial. O relator, Samuel Moreira, durante evento com governadores do PSDB, em São Paulo, estabeleceu um prazo de quinta-feira ou, no mais tardar, até a próxima segunda para apresentar o parecer. Anteriormente, a expectativa era de que fosse lido aos parlamentares até o dia 15.
;Não estamos aqui para colocar no relatório só as nossas convicções;, disse o deputado. ;Estamos em um processo de entendimento e vamos continuar conversando até o último momento, que aliás está muito próximo. Quero tentar resolver esse assunto, entregar o relatório até quinta-feira, ou no máximo no começo da semana que vem, como eu já disse, na segunda-feira, no máximo;, afirmou, após encontro com governadores de seu partido, em São Paulo.
Na comissão especial, o governo precisa garantir apenas a maioria dos votos dos presentes. Maia destacou que ainda há algumas questões pendentes no texto, como a permanência de estados e municípios, a transição para servidores públicos e o abono salarial. Para o presidente da Câmara, falta coerência entre os governadores e parlamentares, o que acaba prejudicando a reforma da Previdência.
;Não é justo que deputados ligados a governadores estejam fazendo eventos e caravanas contra a reforma da Previdência, enquanto os governadores, conosco, pedem para nós votarmos. Tem que ter alguma coerência. Isso não é o correto e está criando um ambiente muito grande, na Câmara e no Senado, majoritário contra esse tipo de movimento;, criticou Maia. ;Se os deputados que são ligados aos governadores acham que não é importante aprovar a Previdência, por que são os deputados que não têm governadores que vão assumir essa responsabilidade?;, questionou.
Sobre o abono salarial, o presidente da Câmara disse que o tema ;não vai sair; do texto. O governo quer que o benefício seja pago a quem ganha até um salário mínimo. Atualmente, a regra permite que trabalhadores que recebem até dois salários tenham acesso.