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DEM se afasta do Centrão, mas movimento pode dificultar Rodrigo Maia

Estratégia do Democratas com relação ao Palácio do Planalto e de busca de um projeto para 2022 podem implodir o bloco


O movimento do DEM de dissociar-se do Centrão vai impor dificuldades na articulação do presidente da Câmara dos Deputados, Rodrigo Maia (DEM-RJ). Lideranças do partido afirmam que a meta é se desvincular de uma imagem pejorativa associada ao fisiologismo político, e que a legenda vai apoiar as agendas reformistas do governo, mas não o Palácio do Planalto. O problema será o convencimento disso. Partidos de centro-direita desconfiam de que os demistas vão se alinhar ao Executivo e deixar para eles o desgaste de defender projetos, propostas e emendas de interesse conjunto do espectro político, ainda que minimamente divergentes do governo.

Diante das incertezas em relação aos próximos movimentos do DEM, lideranças de partidos de centro-direita que compõem o bloco informal chamado Centrão, como PP, PL, PRB e Solidariedade, devem continuar defendendo, nos próximos dias, a importância do debate em torno de uma agenda econômica e vão reforçar movimentos com o objetivo de dissolver a imagem de não votar com o governo.

Afinal, quando o DEM permaneceu no bloco vencedor das eleições na Câmara ; que chegou a ser formado por outros partidos, como PSL, PSD, PSDB, PSC e PMN - PP, PL e PRB ;votaram alinhados em 27 oportunidades e em 29 orientações da liderança governista em sessões plenárias, entre 12 de fevereiro e 2 de abril. Com as três legendas reforçando a imagem de centro-direita, o resultado prático será a definitiva implosão do Centrão, em um processo que deve isolar o Solidariedade.

É aí que Maia terá que se movimentar e trabalhar mais o diálogo em decorrência da aparente divisão. PP, PL e PRB vão observar com lupa os movimentos do DEM, sobretudo depois de o presidente da Câmara ter comparecido à convenção nacional do PSDB, na sexta-feira, e defender um ;projeto único; com a legenda para 2022. ;Ou Bolsonaro vai para o Democratas, como diz sonhar o Onyx (Lorenzoni, ministro-chefe da Casa Civil), ou o partido vai encabeçar um projeto de política nacional com os tucanos;, ponderou um deputado influente do Centrão.

Incertezas


Como a possibilidade de Bolsonaro se filiar ao DEM é considerada remota, a desconfiança maior é que o Democratas dê as costas e fique com o governo. Lideranças do partido negam. O líder do partido na Câmara, Elmar Nascimento (BA), disse, durante a convenção do partido, na quinta-feira, que a primeira eleição de Maia, em 2017, implodiu um Centrão fisiológico, então capitaneado pelo ex-deputado Eduardo Cunha (RJ). No entanto, a maneira como a legenda se posicionou no evento gerou incertezas sobre o futuro harmonioso entre as bancadas.

O líder do PL na Câmara, Wellington Roberto (PB), contemporiza os movimentos do DEM. A leitura dele é que a ;implosão do Centrão; é uma maquiagem política, ao associar uma situação passada com o termo usado no presente. ;Interpreto como uma desvinculação de um termo pejorativo. Nesse sentido, nós também estamos nos desvinculando desse caminho;, pondera.

Uma outra liderança influente do bloco informal tem uma interpretação. Para o parlamentar, a comunicação feita pelo DEM durante a convenção soa como a prova de que o partido teria conseguido tudo o que, supostamente, tenha exigido do governo. ;E agora Maia simplesmente abandona todos os partidos que lhe deram sustentação política para conseguir to benesses do Executivo. Depois de conseguir o que queria, simplesmente dá uma ;banana; para os parceiros de trincheira e tenta se apresentar para a galera como bom menino. Nunca vi a dissimulação e a traição prosperar no Parlamento brasileiro;, critica.