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'Ninguém é obrigado a continuar', diz Bolsonaro sobre saída de Paulo Guedes

Afirmação ocorre após o ministro afirmar que pode deixar o governo se a reforma da Previdência virar uma 'reforminha'

Após declarações do ministro da Economia, Paulo Guedes, sobre a possibilidade de deixar o governo se a reforma da Previdência virar uma ;reforminha;, o presidente Jair Bolsonaro, que está em viagem pelo Nordeste, respondeu, nesta sexta-feira (24/05), dizendo que ;é um direito dele;.

;É um direito dele, ninguém é obrigado a continuar como ministro meu. Logicamente ele está vendo uma catástrofe, é verdade, eu concordo com ele (Guedes), se nós não aprovarmos algo realmente muito próximo ao que enviamos no Parlamento. O que Paulo Guedes vê, e ele não é nenhum vidente, nem precisa ser, para entender que o Brasil vai viver um caos econômico sem essa reforma;, disse, em Recife (PE).

Na primeira visita ao Nordeste como presidente da República, Bolsonaro também se irritou com uma pergunta sobre sua rejeição na região. ;Pode fazer uma pergunta inteligente, por favor?;, respondeu.

Aprovação

Presidente da comissão especial da reforma da Previdência, o deputado Marcelo Ramos (PR-AM), disse nesta sexta que, com ou sem o ministro Paulo Guedes (Economia) no governo, a proposta para endurecer as regras de aposentadorias vai ser aprovada.

Ramos e o relator da proposta, Samuel Moreira (PSDB-SP), avaliam que a declaração do ministro não tem efeito sobre o Congresso. ;A Câmara tem compromisso com a reforma independente desse discurso (de Guedes) que beira a chantagem. Ele é importante, mas, com ele ou sem ele, vai ter reforma;, disse o presidente da comissão.

Viagem ao Nordeste

O Nordeste é a região na qual Bolsonaro tem a sua pior avaliação. Segundo pesquisa Datafolha divulgada em abril, 39% dos nordestinos consideram o seu governo ruim ou péssimo ante 30% da média nacional. O pesselista foi derrotado nos nove estados da região na eleição do ano passado, ficando atrás do então candidato Fernando Haddad (PT).

Oficialmente, o encontro desta sexta serviu para aprovar o Plano de Desenvolvimento do Nordeste, que tem o objetivo de estimular a economia na região, em reunião da Sudene (Superintendência do Desenvolvimento do Nordeste). O governo diz que quer enviar o projeto para aprovação do Congresso até agosto.

Os governadores dos estados nordestinos e de Minas Gerais, que também participaram da reunião, além do governador do Espírito Santo, ausente nesta sexta, reivindicam a definição concreta de como esse plano será financiado. Eles querem que ao menos 30% do Fundo Constitucional de Financiamento do Nordeste sejam destinados a isso.

Após o encontro, o ministro do Desenvolvimento Regional, Gustavo Canuto, anunciou um acréscimo para o fundo, de cerca de R$ 4 bilhões, mas ainda não bateu o martelo sobre como será a ajuda para o plano.