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Atos de 26 de maio expõem 'racha' na direita que apoia Bolsonaro

De um lado estão os que apoiam as manifestações, como os grupos mais radicais e a ala ligada a Olavo. Do outro lado estão parlamentares do PSL que não integram a brigada olavista

As manifestações do dia 26 de maio, convocadas por simpatizantes do presidente Jair Bolsonaro nas redes sociais, estão provocando um racha na grande frente de direita que apoia o ex-capitão - um balaio que reúne militares, liberais, evangélicos, "lavajatistas", antipetistas desgarrados e cidadãos comuns fartos da corrupção e da falta de segurança no País.

O racha, insinuado com os ataques do escritor Olavo de Carvalho e de seus pupilos a militares que fazem parte do governo e aos ex-ministros Gustavo Bebianno, da Secretaria-Geral da Presidência, e Ricardo Vélez Rodríguez, da Educação, agora ganhou novas dimensões.

De um lado estão os que apoiam as manifestações, como os grupos mais radicais do "frentão" pró-Bolsonaro e a ala ligada a Olavo, com a qual se identificam Eduardo e Carlos Bolsonaro, filhos do presidente. A turma tem também apoio de boa parte da bancada do PSL no Congresso, inclusive o deputado Alexandre Frota (SP), desafeto dos olavistas.

Do outro lado estão parlamentares do PSL que não integram a brigada olavista, como os deputados federais Luciano Bivar (PE), presidente do partido, e Joice Hasselmann (SP), líder do governo no Congresso, além da deputada estadual Janaina Paschoal (SP). Fazem parte do grupo, ainda, o partido Novo e movimentos e personalidades que apoiaram o presidente nas eleições, mas não participam do governo, como o MBL e o Vem Pra Rua, o músico Lobão e o presidente do Instituto Mises Brasil, de orientação ultraliberal, Hélio Beltrão.

Capitulação


A discórdia se deve não só à realização como à pauta das manifestações. Os que se opõem aos atos consideram a convocação extemporânea, num momento em que o governo depende do Congresso para aprovar a reforma da Previdência e o pacote anticrime do ministro Sérgio Moro, da Justiça e Segurança Pública, entre outras medidas. "Não vamos conseguir aliados atacando quem pode votar conosco nos textos que são importantes para o governo", disse Joice. "A hora é de preservar a relação do governo com o Parlamento."

Quem apoia as manifestações parece acreditar que só pressionando os parlamentares as propostas do governo serão aprovadas. Muitos são contra qualquer tipo de negociação ou capitulação com o Congresso. Parecem fazer pouco caso dos demais Poderes e acreditar que o Congresso e o Judiciário têm menos legitimidade do que o presidente e por isso devem se curvar à sua vontade. "É hora de lembrar que os brasileiros escolheram pôr o Brasil acima de tudo e Deus acima de todos", afirmou Filipe Martins, pupilo de Olavo e assessor internacional da Presidência, no Twitter.

Foi a possível inclusão de bandeiras autoritárias na pauta das manifestações, porém, que selou o racha, afastando de vez apoiadores mais moderados do governo. Diante do que consideram "podridão do sistema", os mais radicais queriam a inclusão do fechamento do Congresso e do Supremo Tribunal Federal na pauta.

Mas a repercussão negativa levou nomes influentes do "bolsolavismo" nas redes a limá-las da agenda. Ao final, ficaram quatro pontos: aprovação da reforma da Previdência; aprovação do pacote anticrime de Moro; aprovação da MP 870, da reforma administrativa; criação da CPI Lava Toga. A questão é que as feridas criadas pelas divergências podem ser difíceis de cicatrizar.