Sarney enfrentou a ditadura Vargas, na UDN; viveu o período pré-64; o regime militar; participou do processo de redemocratização do país. O que se aprende com um homem que passou a maior parte da vida exercitando a arte da política? Que um país é feito de suas circunstâncias internas, da conjuntura internacional, da velocidade do tempo presente. Mas o que se aprende com um político que tem a memória dos grandes momentos brasileiros? Aprende-se a ver o Brasil compreendendo seus processos.
Nada como ter experiência vivida e contexto histórico para traçar boas análises das circunstâncias atuais. Em determinado momento, Sarney reconhece a grandeza de um país que colocou um operário no posto mais alto da nação sem ter de pegar em armas. ;O Brasil ficou mais justo com Lula;, reconhece. E, agora, torce para que Bolsonaro contorne as dificuldades atuais. ;Bolsonaro está no meio de um furacão. Pela primeira vez, estamos num momento em que é imprevisível. Fratura no Judiciário, no Legislativo e no Executivo. Todas essas estruturas estão trincadas;, resumiu.
Sarney falou sobre adversários sem mágoas ou rancores. Sobre reforma da Previdência e a deturpada visão de que esta é a única reforma que dará jeito no Brasil. Sobre a indecente profusão de partidos, as sequelas e feridas da Constituição de 1988, as trincas nos Três Poderes constituídos e sobre o excessivo poder do Ministério Público ; a seu ver, prejudicial. Mas falou também sobre a vocação para a literatura e sobre a emoção de ter conhecido Irmã Dulce. ;Ela já era santa, agora é formalidade.;