A votação da Medida Provisória (MP 870), que estabelece a organização básica dos órgãos da Presidência da República e dos ministérios, foi suspensa, nesta tarde, por um pedido coletivo de vista do centrão. Voltará a ser apreciada amanhã, a partir das 14h30. O líder do governo no Senado e relator da chamada MP da reforma administrativa, senador Fernando Bezerra (MDB-PE), disse que o governo trabalha para aprovar o texto já nesta quarta-feira (8/5), na comissão parlamentar mista que analisa o assunto.
Bezerra confirmou, ainda, a intenção do governo de recriar dois ministérios. Já foi decidido, disse ele, em conversa com o presidente Jair Bolsonaro, que o Ministério do Desenvolvimento Regional vai ser desmembrado e será recriado o Ministério das Cidades e o da Integração Nacional. ;Nossa expectativa é marcar a votação da MP para a próxima quarta-feira (8/5), esperando que o texto seja aprovado na comissão especial. Assim, creio que a Câmara possa apreciar o relatório na semana seguinte, ou na outra (até 24 de maio), afirmou Bezerra.
O cronograma é importante, informou o senador, devido ao prazo de validade da MP, que em expira 3 de junho. ;É importante votar, na Câmara, até o dia 20 para, então, votarmos no Senado nos últimos dez dias;, reforçou. Ele admitiu, no entanto, que será preciso um trabalho de convencimento dos parlamentares, principalmente no item que envolve a manutenção do Conselho de Controle de Atividades Financeiras (Coaf) no Ministério da Justiça e Segurança Pública - transferido no início do ano, com a extinção do Ministério da Fazenda.
;É evidente que será preciso um trabalho de convencimento, de mobilização, para que o governo possa construir a maioria. Um passo de cada vez. Primeiro, temos que ganhar na comissão. Depois, o desafio será a votação no plenário, tanto da Câmara quanto do Senado;, afirmou. Para a oposição, no entanto, o governo cede às pressões do centrão e usa a criação dos ministérios como moeda de troca para a manutenção do Coaf na Justiça. Há suspeitas que pelo menos dois partidos ( MDB, e DEM, do centrão) estão em acertos com o Palácio do Planalto em busca de cargos.
O deputado Alexandre Padilha (PT-SP) destacou que há várias contradições no texto. ;É claro que se trata de moeda de troca. Se o governo alega que precisa fazer ajuste fiscal, como está criando novos ministérios? Além disso, se fosse para criar algum ministério, tinha que ser, então, o do Trabalho e Emprego, para defender o trabalhador e as políticas que geram emprego no nosso país;, destacou.