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Politica

Entenda a briga entre olavistas e militares no governo Bolsonaro

Depois de mais ataques do escritor Olavo de Carvalho e do troco de ministros militares, presidente diz em entrevista que não existem grupos no seu governo, mas 'um time só'

O presidente Jair Bolsonaro teve de ir a público, nessa segunda-feira (6/5), para pôr panos quentes outra vez em novo fogo amigo entre aliados. Novamente, o pivô foi o escritor Olavo de Carvalho, guru do presidente. No fim de semana, ele atacou o general Carlos Alberto Santos Cruz, ministro da Secretaria de Governo, afirmando que ele ;fofoca e difama pelas costas;. Santos Cruz, por sua vez, classificou o ideólogo de ;desocupado esquizofrênico;.

Nessa segunda-feira, o general Villas Bôas, ex-comandante do Exército, saiu em defesa do colega de patente classificando Carvalho de ;Trótski de direita;, em referência a um dos líderes da Revolução Russa. Bolsonaro minimizou: ;Não existe grupo de militares nem grupo de olavos aqui. Tudo é um time só;.
Para colocar mais pólvora na fogueira, o general Villas Bôas entrou na briga virtual e divulgou nota nas redes sociais com críticas a Olavo de Carvalho. Para ele, o guru de Bolsonaro adota posturas que não contribuem para a unidade da sociedade, pelo contrário, desestabilizam o governo: ;Mais uma vez, o sr. Olavo de Carvalho, a partir de seu vazio existencial, derrama seus ataques aos militares e às Forças Armadas demonstrando total falta de princípios básicos de educação, de respeito e de mínimo de humildade e modéstia;.

[SAIBAMAIS]E ressalta que as palavras do escritor não acrescentam nada. ;Verdadeiro Trótski de direita, não compreende que substituindo uma ideologia pela outra não contribui para a elaboração de uma base de pensamento que promova soluções concretas para os problemas brasileiros;.

Para Villas Bôas, Carvalho ;age no sentido de acentuar as divergências nacionais no momento em que a sociedade brasileira necessita recuperar a coesão e estruturar um projeto para o país. A escolha dos militares como alvo é compreensível por sua impotência diante da solidez dessas instituições e a incapacidade de compreender os valores e princípios que as sustentam;, destacou.
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Duras críticas aos militares

Olavo de Carvalho tem feito duras críticas aos militares que integram o governo. Na sexta-feira, ele usou o Twitter chamando os militares de mão de obra ociosa; e que não são ;santos heróis da pátria que eles mesmos pintam;. No sábado, comparou Santos Cruz a Ciro Gomes (PDT), candidato derrotado à Presidência, e disse que ele ;fofoca e difama pelas costas;. O ministro retrucou e, em entrevista, chamou Olavo de ;desocupado esquizofrênico;. No Twitter, Carvalho fez sequência de comentários sobre o militar. ;O Santos Cruz quer que a segurança pública esteja às ordens de organizações notoriamente esquerdistas;, escreveu no domingo. ;Santos Cruz não é capaz de imaginar o que seja um escritor. Só conhece politiqueiros e fofoqueiros de m.... como ele mesmo;, continuou ontem.

Pairam sob Carvalho insinuações de que ele age arquitetado com Carlos Bolsonaro, para que o filho do presidente assuma a comunicação do governo, atualmente sob a jurisdição de Santos Cruz. Caberia ao escritor o papel de assumir à linha de frente das críticas ao ministro. O que ele nega: ;Não sou agente político, sou escritor e professor. Não quero tirar o Santos Cruz da p.... de ministério que ele ocupa. Quero apenas despertar sua inteligência e seu senso moral para que ele corrija o imenso mal que está fazendo. Fique com o cargo, mas tome jeito;.

Sobre as críticas mais recentes, feitas por Villas Bôas, Carvalho disse que responderá, mas fez mistério sobre quando isso deve ocorrer. ;Responderei ao general Villas-Boas no devido tempo. Não há pressa;, postou. Bolsonaro tem boa relação com Villas Bôas. Após deixar o comando do Exército, o general virou consultor do Gabinete de Segurança Institucional da Presidência, órgão comandado pelo general Augusto Heleno. Em janeiro, o presidente recém-empossado disse que Villas Boas era ;um dos responsáveis; por sua eleição. Já Villas Bôas diz que Bolsonaro resgatou Brasil da ;amarra ideológica;.

;Militares acovardados;

Em março, em outra série de críticas aos militares, Carvalho pediu que os alunos dele deixassem o governo. ;O presente governo está repleto de inimigos do presidente e inimigos do povo, e andar em companhia desses pústulas só é bom para quem seja como eles. Não quero ver meus alunos tendo suas vidas destruídas no esforço vão de ajudar militares acovardados cujo maior sonho é ;tucanizar; o governo para agradar à mídia;.

No mesmo mês, Carvalho virou sua artilharia para o vice-presidente, general Hamilton Mourão. Disse que o vice-presidente era ;um cara idiota; e criticou o que chamou de mudanças de postura no comportamento do general ao assumir papel no governo. Entre as acusações estariam posicionamentos ;pró-aborto, pró-desarmamento e pró-Nicolás Madruro;. ;O presidente viaja e qual a primeira coisa que ele faz? Viaja a São Paulo para um encontro político com João Doria. Esse cara não tem ideia do que é vice-presidência. Durante a viagem, ele tem que ficar em Brasília;, afirmou Olavo. Segundo ele, o presidente estaria de ;mãos atadas;.

;Ele não reage porque aquele bando de milico que o cerca é tudo um bando de cagão, que tem medo da mídia;. Dias depois, Mourão, em jantar em São Paulo, mandou um recado ao escritor. Da próxima vez que disser algo ofensivo contra sua pessoa, ;terá que se haver com a Justiça;.

Ainda sobre Santos Cruz, em abril, o escritor afirmou que o ministro, como integrante das Forças Armadas, nunca fez nada contra a ;hegemonia comunopetista;. ;Nada, nunca. Ele ganhou seu emprego por meio de uma luta à qual não deu a menor contribuição. Esse homem não sabe de onde veio nem para onde vai;, afirmou. O clima de tensão levou o Clube Militar a divulgar nota de desagravo aos militares. O texto, assinado pelo coronel Sérgio Paulo Muniz Costa, faz duras críticas a Carvalho. (Com agências)