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Politica

Ciro falta ao 1º de Maio e frusta expectativa de oposição unida

Após confirmar presença, o candidato derrotado do PDT não participa do ato unificado das centrais sindicais em celebração pelo Dia do Trabalho, em São Paulo

A expectativa de, pela primeira vez, um ato reunir os principais ex-candidatos à Presidência da oposição, nesta quarta-feira (1;/5), não se concretizou. O candidato derrotado do PDT, Ciro Gomes, faltou ao ato unificado das centrais sindicais em celebração pelo Dia do Trabalho, em São Paulo. Segundo a organização, Ciro havia confirmado presença no evento, mas cancelou a participação.

O presidente nacional do PDT, Carlos Lupi, disse que o ex-ministro precisou acompanhar o filho mais novo e exames médicos, mas admitiu que o motivo da ausência foi político. "Ele achou oportuno não vir. Isso é um ato dos trabalhadores e dos sindicatos. Como ele foi candidato a presidente, poderia parecer eleitoral."

Lupi negou, no entanto, que o motivo da ausência seja a presença do PT. "Participo de vários atos com o PT", argumentou o dirigente. No entanto, depois de não apoiar explicitamente Fernando Haddad no segundo turno das eleições, Ciro tem adotado uma estratégia de seguir um caminho separado dos petistas.

Sem citar o evento, Ciro Gomes usou o Twitter para se manifestar neste 1; de Maio. "Os ataques aos direitos das trabalhadoras e trabalhadores pede mobilização e ação", escreveu. "As centrais sindicais têm um papel importante de ajudar nosso povo a se informar dos danos que essa proposta (da reforma da Previdência) causará, principalmente aos mais pobres. Que este dia do trabalho seja de informação, debate e organização da resistência Lutemos"
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Boulos lamenta

Outros dois candidatos derrotados compareceram ao ato: Guilherme Boulos (PSOL) e Fernando Haddad (PT), que fez um discurso crítico a Bolsonaro, que, segundo ele, leva adiante a agenda iniciada pro Michel Temer, de corte de direitos.

Boulos lamentou a ausência de Ciro no evento. "O Ciro deveria estar aqui. Vou encontrar com ele esses dias, conversei com ele por telefone. Acho que ele deveria estar aqui. Pena que não pode vir. Mas é importante que a gente construa a unidade mais ampla possível", disse, em conversa com jornalistas durante o ato.

O líder do MTST tenta convencer Ciro a participar da Unidade Progressista, grupo do qual fazem parte Haddad, o governador do Maranhão, Flávio Dino (PCdoB) e o ex-governador da Paraíba Ricardo Coutinho (PSB).

Dezenas de lideranças políticas de esquerda compareceram ao ato como os líderes sem-terra João Pedro Stédile e João Paulo Rodrigues, os deputados petistas José Guimarães, Arlindo Chinaglia e Carlos Zaratini, o deputado Paulo Pereira da Silva (SD), o Paulinho da Força, entre outros.

Apesar do discurso de unidade, militantes da CUT vaiaram Paulinho da Força. No ano passado, em Curitiba, representantes da central ligada ao PT já haviam vaiado integrantes da Força Sindical.

A expectativa dos organizadores é que o ato reúna 100 mil pessoas no Vale do Anhangabaú, no centro da cidade. Além de São Paulo, as dez centrais sindicais brasileiras, em parceria com as frentes Brasil Popular e Povo Sem Medo, estarão em outras 25 grandes cidades brasileiras. Embora o foco das manifestações seja a reforma da Previdência, os participantes levaram várias pautas políticas em oposição ao presidente Jair Bolsonaro - e em defesa da liberdade do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva.

O ato

Manifestantes estão nas ruas em todo o país neste primeiro de maio para protestar contra a reforma da Previdência. O movimento, organizado pelas frentes sindicais, . O ato é uma organização conjunta de CUT, Força Sindical, CTB, UGT, Intersindical, CSB, CGTB, Nova Central, CSP-Conlutas, Frente Brasil Popular e Frente Povo Sem Medo.

Em São Paulo, o ato 1; de Maio unitário das Centrais Sindicais e Frentes ocupa o Vale do Anhangabaú. Estão previstos protestos em vários pontos no país, como Rio de Janeiro, Ceará, Bahia, Brasília e Mato Grosso. A aglomeração ainda é pequena, mas a estimativa é de atividades durante todo o dia, com shows. Segundo os organizadores, ao final do ato, será anunciado 14 de junho como a data da greve geral nacional contra a reforma da Previdência.

Previdência

Na ocasião, Boulos voltou a fazer fortes críticas à reforma da Previdência. "Tenho rodado o País e dialogando com as periferias sobre a reforma. Quando as pessoas percebem o que está em jogo, a indignação é geral", disse. Conforme ele, os números que já dão maioria da população brasileira contra a reforma. "Aquilo é um piso. Boa parte dessa população não está devidamente informada do que significa essa reforma. Quando a informação chega, a rejeição aumenta", afirmou.
Com informações da Agência Estado