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Politica

Ligação dos montoneros com MR-8 era vigiada pelo Exército

A pista que leva ao desaparecimento, em maio de 1980, de dois integrantes das Tropas Especiais de Infantaria (TEI) dos montoneros que regressaram para a Argentina para contra-atacar o regime militar no país pode ter começado no Brasil. Trata-se do caso dos militantes Federico Frías Rodrigues e Gastón Dillón. Eles e outros integrantes foram pegos em Buenos Aires depois de voltarem para o país passando pela fronteira com o Brasil. Os montoneros eram parte da esquerda do movimento peronista e mantiveram nos anos 1970 laços com o grupo de esquerda brasileiro MR-8. Frías e Dillón chegaram ao Brasil no começo de 1980 e se hospedaram no Rio na casa de Luiz Rodolfo Viveiros de Castro, que militara no MR-8 de 1968 até o fim dos anos 1970. Castro esteve exilado no Chile e na Argentina, onde conheceu diversos integrantes dos Montoneros. "Eles ajudavam o MR-8 transportando pessoas e materiais para o Brasil", disse. Os dois militantes iam participar do chamado Trem da Alegria, a contraofensiva preparada pela organização armada contra o regime militar argentino. Castro providenciou para ambos documentos falsos de identificação argentinos. "Fomos a uma loja de um fotógrafo. Foi difícil convencê-lo a fazer as fotos 3 por 4 com um quarto de perfil, como era exigido nos documentos argentinos." Castro guarda as fotos até hoje. "Tentei convencê-los a não voltar, que seria suicídio. Não teve jeito." Os papéis da CIA mostram que os serviços militares brasileiro e argentino estavam "cooperando para capturar terroristas argentinos". Além disso, documento da Operação Gringo, feita pelo Centro de Informações do Exército (CIE) em 1979, mostra que Castro era vigiado por causa desses contatos com suspeitos de pertencer a organizações da esquerda argentina. O nome da operação era uma referência a Elbio Alberione, o Gringo, líder montonero da Seção de Relações Exteriores do grupo. O relatório n.º 11 da Operação Gringo, de 31 de dezembro de 1979, mostra que o CIE sabia que os montoneros estavam recebendo ajuda para a falsificação de documentos no Brasil. "Foi solicitado apoio ao MR-8", diz o documento. O Exército tinha conhecimento de que, entre São Paulo e Rio, havia de 130 a 200 guerrilheiros argentinos escondidos, "sendo considerados altamente perigosos". Depois de preso em Buenos Aires, Frías foi levado a Lima (Peru) em uma operação do Exército argentino que resultou na captura e morte de mais 3 montoneros. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.