Luiz Calcagno
postado em 24/04/2019 13:15
O Instituto Chico Mendes de Conservação e Biodiversidade (ICMBio) perdeu o terceiro chefe em menos de 10 dias. Régis Pinto de Lima, que era diretor da Diretoria de Pesquisa, Avaliação e Monitoramento da Biodiversidade (Dibio) e havia assumido o cargo de presidente interino do órgão pediu exoneração com outros três colegas das diretorias de Criação e Manejo de Unidades de Conservação (Diman), de Planejamento, Administração e Logística (Diplan) e de de Ações Socioambientais e Consolidação Territorial em UCs (Disat).
Os pedidos de exoneração saíram na manhã desta quarta-feira (24/4), em resposta à iniciativa do ministro de Meio Ambiente, Ricardo Salles, de demitir o chefe do Parque Nacional Lagoa do Peixe, no Rio Grande do Sul, Fernando Weber. A saída de Weber ocorre 10 dias após Salles afirmar, em uma palestra para ruralistas do estado, que investigaria agentes que atuam no combate a irregularidades ambientais. A fala também foi um dos motivos que levaram à saída do presidente do ICMBio, Adalberto Eberhard, se demitir em 15 de abril.
[SAIBAMAIS]Os demais a deixar a pasta são os diretores Luiz Felipe de Luca de Souza, da Diman; Leandro Mello Frota, da Diplan; e Gabriel Henrique Lui, da Disat.
Ricardo Salles recorreu ao Twitter para anunciar a nomeação dos novos diretores. "Ao agradecer a dedicação e empenho dos que até então compuseram as diretorias do ICMBIO, tenho a alegria de anunciar os novos diretores: Cel PM Lorencini, Ten Cel PM Simanovic, Major PM Marcos Aurélio e Major PM Marcos José, que junto ao Cel PM Homero farão um grande trabalho", publicou o ministro.
Para Aninho Irachande Mucundramo, doutor em política e gestão ambiental e desenvolvimento pelo Centro de Desenvolvimento Sustentável da Universidade de Brasília (CDS/UnB), tem sido costume do ministro demitir funcionários em vez de buscar um consenso.
"A escolha do ministro não obedeceu as prioridades para a gestão ambiental. Éramos um país líder em vários segmentos ambientais, que protagonizava ações ambientais significativas, e (Jair Bolsonaro) escolheu alguém que representa valores diferentes. É uma pessoa que não procura uma solução. Em vez disso, substitui pessoas;, avaliou o especialista.
Na avaliação de Mucundramo as disputas internas no governo Bolsonaro estão ligadas ao DNA da equipe de gestores do presidente, formado, principalmente, por três núcleos distintos e que competem entre si: os militares, os seguidores do astrólogo Olavo de Carvalho e os evangélicos.
Ricardo Salles recorreu ao Twitter para anunciar a nomeação dos novos diretores. "Ao agradecer a dedicação e empenho dos que até então compuseram as diretorias do ICMBIO, tenho a alegria de anunciar os novos diretores: Cel PM Lorencini, Ten Cel PM Simanovic, Major PM Marcos Aurélio e Major PM Marcos José, que junto ao Cel PM Homero farão um grande trabalho", publicou o ministro.
Para Aninho Irachande Mucundramo, doutor em política e gestão ambiental e desenvolvimento pelo Centro de Desenvolvimento Sustentável da Universidade de Brasília (CDS/UnB), tem sido costume do ministro demitir funcionários em vez de buscar um consenso.
"A escolha do ministro não obedeceu as prioridades para a gestão ambiental. Éramos um país líder em vários segmentos ambientais, que protagonizava ações ambientais significativas, e (Jair Bolsonaro) escolheu alguém que representa valores diferentes. É uma pessoa que não procura uma solução. Em vez disso, substitui pessoas;, avaliou o especialista.
Na avaliação de Mucundramo as disputas internas no governo Bolsonaro estão ligadas ao DNA da equipe de gestores do presidente, formado, principalmente, por três núcleos distintos e que competem entre si: os militares, os seguidores do astrólogo Olavo de Carvalho e os evangélicos.
Disputa com militares
As ações do ministro também evidenciaram uma disputa interna entre indicados de Salles e a ala militar do ministério do Meio Ambiente. Régis Pinto de Lima assumiu interinamente a presidência no lugar do coordenador geral de proteção, o coronel da reserva do Exército, Antônio César de Oliveira Mendes que, por sua vez, tinha sido indicado como substituto pelo chefe de gabinete do ministro, o também coronel Antônio Roque Pedreira Júnior.
A comunicação do ministério chegou a publicar um texto informando a nomeação de mendes em 17 de junho. Na segunda (22), porém, Salles chamou Régis para conversar e tirou o coronel reformado do cargo. Em vez de informar qualquer mudança em uma nova nota, funcionários simplesmente deletaram a nota que informava da nomeação do militar. Ontem, por e-mail, a assessoria negou que houvesse qualquer conflito.
A saída do presidente
Além de o ministro ameaçar os próprios funcionários em uma palestra com ruralistas, outros motivos também pesaram na saída do antigo presidente, Adalberto Eberhard. Um deles é a conversa, nos bastidores, de uma possível reestruturação do instituto para aumentar o poder de governadores nos estados, com poder até para indicar as representações regionais, o que não ocorre hoje.
Além disso, Jair Bolsonaro também desautorizou fiscais do ICMBio um dia antes da saída de Eberhard. O presidente da República disse que queria que os funcionários destruíssem veículos usados por desmatadores, ação prevista na legislação. A fala do presidente estava em um vídeo postado nas redes.
;Ontem, o ministro Ricardo Salles, do Meio Ambiente, veio falar comigo com essa informação. Ele já mandou abrir um processo administrativo para apurar o responsável disso aí. Não é pra queimar ninguém, nada né, ninguém não, nada, maquinário, trator, caminhão, seja o que for, não é esse procedimento, não é essa a nossa orientação;, disse Bolsonaro.