O ministro-chefe da Casa Civil, Onyx Lorenzoni, disse que "não tem fórmula" sobre qual modelo poderia substituir o presidencialismo de coalizão, sistema no qual o governo é formado por diversos partidos que se dividem entre os ministérios. Crítico à velha política e ao "toma lá, dá cá", o governo dá sinais de que não conseguirá formar uma base aliada tradicional, mas também não sabe dizer como será a nova forma de se relacionar com o Congresso.
"Da forma que estamos fazendo, estamos baseados na experiência internacional, com honestidade, decência, e num esforço construindo um novo caminho. Essa fórmula eu não tenho e não tem em lugar nenhum. Estamos aprendendo a construir o próprio parlamento", respondeu o ministro, ao ser questionado sobre qual seria a substituição ao sistema de coalizão com os partidos - e se o governo terá que negociar cada pauta individualmente.
Lorenzoni também afirmou que o governo não trabalha com o "princípio de fechamento de questão", ou seja, com a possibilidade de partidos obrigarem seus integrantes a votarem de determinada maneira, a favor ou contra uma matéria. Ele citou como exemplo o próprio presidente Jair Bolsonaro, dizendo que ele atuou de forma independente por mais de 20 anos no Legislativo e "sabe como é".
No caso da reforma da Previdência, principal aposta econômica do governo, apenas dois partidos fecharam questão a favor da proposta até o momento: o PSL, partido de Bolsonaro, e o Novo. Os demais não se comprometeram e defendem alterações no texto. "Temos que ganhar no argumento, não pode ser imposto", defendeu Lorenzoni.
O ministro também afirmou que o governo "não tem fugido do diálogo" e está buscando o melhor caminho com os congressistas. "Respeitamos os partidos e os parlamentares", destacou. Ele contou que o governo busca a "institucionalidade" das reações com os partidos. Em outro momento, declarou que o governo "respeita, mas quer ser respeitado".
Desde a semana passada, o presidente Jair Bolsonaro passou a se reunir com dirigentes partidários e passou a intensificar reuniões com parlamentares. Segundo Onyx, a reação tem sido positiva e os congressistas sinalizam que "vão se adaptar ao novo governo". "Temos que ter uma transição e essa transição tem que ser boa."
Onyx Lorenzoni reforçou, ainda, que o governo quer "dialogar com todos". Na quarta-feira, 10, Bolsonaro recebeu dois parlamentares da oposição no Planalto.