O presidente Jair Bolsonaro percebeu que, para cumprir a agenda apresentada na campanha eleitoral, precisará do apoio dos partidos políticos, segundo o líder do governo no Senado, Fernando Bezerra (MDB-PE). Apesar disso, não há expectativas de que o governo conseguirá formar uma base aliada 'tradicional' no Parlamento, ao menos não da forma feita no passado.
"O presidente é o primeiro desde a redemocratização que compõe uma equipe ministerial sem consultar partidos. Isso inaugura um novo ciclo na política, e não é pouco. Mas ele percebeu que, para ter a sua agenda aprovada, precisa de partidos. A democracia é montada por partidos", declarou Bezerra após reunião com Bolsonaro.
Bezerra disse que nenhum outro partido, além do PSL, vai integrar formalmente a base aliada. "E nem vai fechar. É um novo ciclo. Os partidos não participam da equipe ministerial, se inaugurou um novo tempo. Partidos se identificam pelos temas, pela agenda, e vão votar de acordo se agenda estiver alinhada aos seus interesses. Por isso, vai exigir sempre a presença do presidente à frente da articulação política", considerou, ao ser questionado pelo fato de que, após reuniões com Bolsonaro, nenhum partido formalizou apoio.
Depois, ao ser indagado se o governo desistiu de formar uma base, voltou atrás. "Nós vamos construir, mas será de uma forma diferente", minimizou.
Segundo o líder, Bolsonaro está disposto a participar mais ativamente da interlocução com o Legislativo. "Senti a disposição do presidente em manter esse ritmo de diálogo. Ele tem recebido dez parlamentares em média, e é importante que continue porque a política é conversa, diálogo, troca de informações a todo momento, permanentemente, sobretudo quando a sociedade percebe que a agenda está correta", declarou.
Bezerra afirmou que o "entusiasmo" em relação a medidas como o novo pacto federativo, o redesenho do tamanho do governo e a desestatização do presidente motiva os parlamentares. "O presidente está muito animado com as conversas que vêm mantendo e está disposto a dar continuidade a essa iniciativa política no sentido de criar ambiente político necessário para se construir essa maioria qualificada."
Para Bezerra, "a situação está melhorando a cada dia". Mas ele admitiu dificuldades em relação a pontos como mudanças nas regras do benefício de assistência social para idosos de baixa renda (BPC) e na aposentadoria rural.
"Venho trazer aqui um testemunho ao presidente de que desde que ele retomou o diálogo com as lideranças e os presidentes de partidos, a gente sente melhora no ambiente político tanto no Senado quanto na Câmara, crescendo as expectativas de construirmos maioria qualificada para aprovar uma reforma da Previdência com impacto fiscal relevante", disse.
A expectativa do líder do governo é conseguir aprovar a reforma no Senado até meados de setembro. Na Câmara, ele acredita que a votação será concluída até final de junho.