Questionado nesta manhã de domingo (7) sobre o ministro da Educação, Ricardo Vélez Rodriguez, o presidente Jair Bolsonaro (PSL) reforçou que a saída ou a permanência dele frente à pasta será decidida nesta segunda-feira (8). A declaração foi feita durante um almoço no Lago Sul, com colegas da turma do Exército de 1977: ;Amanhã a gente resolve;, disse.
A crise se instalou no MEC, que se vê envolto em uma briga ideológica e disputa de poder entre militares, técnicos e olavistas. A dificuldade para conciliar os grupos divergentes é ampla. Enquanto isso, as políticas educacionais seguem sem prazo definido. Em três meses, ao menos 18 pessoas foram exoneradas.
O apoio ao ministro vem estremecendo com uma coleção de crises causadas por ele mesmo, como quando em uma entrevista afirmou que a universidade não é para todos. ;As universidades devem ficar reservadas para uma elite intelectual, que não é a mesma elite econômica;, disse. A uma revista, o ministro também disse que o "brasileiro viajando é um canibal" pois rouba itens em hotéis e aviões. Posteriormente pediu desculpas e disse ter sido ;infeliz na declaração;.
Pouco tempo depois, o ministro se envolveu em outra polêmica, dessa vez com uma carta enviada às escolas no final de fevereiro pedindo que o slogan de campanha de Bolsonaro fosse lido para as crianças e que elas fossem filmadas cantando o Hino Nacional e que fosse enviado ao governo. Por fim, Vélez recuou e pediu que o ministério retirasse o trecho do slogan do email e afirmou que ;percebeu o erro; de inserir o mesmo na mensagem. A iniciativa foi criticada por professores e entidades educacionais e a pasta também desistiu de pedir os vídeos, alegando razões técnicas e dificuldades de armazenamento de material.
Por último, Vélez causou ao afirmar que "haveria mudanças progressivas" nos livros didáticos para resgate de visão sobre o regime militar.
Em entrevista concedida ao jornal Valor, Vélez explicou que o objetivo seria de que as "as crianças pudessem ter a ideia verídica, real" do que foi aquele momento histórico que, na avaliação do ministro, não foi desencadeado por um golpe em 31 de março de 1964. Para ele, o regime também não foi uma ditadura.
Nos bastidores, há uma pressão pela troca do ministro, que estaria atuando em prorrogação. A possibilidade da saída de Vélez foi indicada pelo próprio presidente, em café da manhã com jornalistas na última sexta-feira (5). Bolsonaro disse que esta segunda seria o dia do ;casamento ou do divórcio; com o ministro.
O deputado Mendonça Filho (DEM-PE) e o senador Izalci Lucas (PSD-DF) e o educador Mozart Neves são ao mais cotados para assumir o lugar de Vélez.
O compromisso de Bolsonaro na manhã de hoje não constou na agenda oficial. Sobre os cem dias de governo, Bolsonaro afirmou ainda que não há "tanta notícia ruim quanto" quanto a imprensa tem publicado."Cada ministro vai falar da sua pasta e da sua área. Vocês estão acompanhando, vocês são da imprensa. Eu acho que não é tanta notícia ruim quanto vocês têm publicado", disse Bolsonaro, ao deixar o local.
Ele também sinalizou que resolverá na mesma data a disputa na Agência Brasileira de Exportações e Investimentos (Apex).