Entrevistado no programa CB.Poder nesta quarta-feira, o ex-deputado federal e ex-ministro da Defesa Aldo Rebelo (SD) criticou a agenda e a forma de governar do presidente Jair Bolsonaro. Na avaliação do ex-ministro dos presidentes Dilma e Lula, quando era do PCdoB, o atual ocupante do Palácio do Planalto governa com "uma agenda de campanha".
"Ele não age como o chefe político de uma nação que é muito desigual e diversa", avaliou Rebelo no programa, uma parceria do Correio com a TV Brasília (assista íntegra abaixo).
Já a articulação iniciada pelo governo para aprovação da reforma da Previdência, Rebelo chamou de "aparente retomada do diálogo", mas criticou a forma como Bolsonaro e seus filhos lidam com a oposição.
"Eu sempre defendi a opinião de que quem apoia o governo participa do governo, mas essa não é a opinião do presidente, dos filhos e do Olavo de Carvalho. Eles não querem a participação dos partidos políticos. Não dá certo essa relação de desconfiança e desprezo pela política e pelos partidos. A oposição nem sequer foi procurada e é hostilizada diariamente. A oposição está no país e recebe votos e deve ser respeitada. Eles fazem isso para criar um impasse e dizer que quem não quis aprovar a reforma foi a oposição", contestou.
Militares
Em relação à reforma da aposentadoria para os militares, o ex-ministro da Defesa disse que a diferenciação é justa. "Os militares têm um papel que não se confunde com os demais servidores. Eles não têm direito a habeas corpus, condição de insalubridade, adicional noturno nem de risco. Os militares, pelo papel na dupla missão de defesa e construção do país, devem ser protegidos pelas instituições. Na Previdência, é o momento de se fazer essa diferença sim, a mudança deve ocorrer na carreira depois. Eu defendo que eles assumam um pacto de fazer as duas coisas em momentos distintos."
Rebelo ainda apontou o vice-presidente, Hamilton Mourão, como um membro do governo mais "equilibrado". "Ele é uma certa ilha de equilíbrio e racionalidade que procura acolher ao menos parte das opiniões diversas e contraditórias que existem na sociedade brasileira."
A agenda atual da esquerda também foi alvo de críticas do ex-ministro e apontada como um dos motivos que levou à sua saída do PCdoB. Para ele, a agenda tornou-se identitária e não corresponde aos interesses de um país diverso. "Criou-se uma agenda identitária abraçada pela esquerda em que a questão nacional ficou para trás. A agenda de resistência é mais leve, porque é muito difícil unir um país tão heterogêneo. Minha opção foi confrontar essa agenda fragmentária e lutar por uma agenda de ampla união das forças políticas", justificou-se.
Assista à entrevista com Aldo Rebelo no CB.Poder
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*Estagiária sob supervisão de Humberto Rezende