Politica

Bolsonaro chega a Israel em meio a forte chuva e defende parcerias

Para presidente brasileiro, o país tem muito o que aprender com Israel, com segurança e transferência de tecnologia, pois é um país rico sem riquezas naturais enquanto o Brasil, que muitas riquezas naturais, ainda é um país pobre

Rosana Hessel - Enviada Especial
postado em 31/03/2019 08:28
Jair Bolsonaro em Israel
Tel Aviv ; O presidente Jair Bolsonaro foi recebido com honras militares pelo primeiro-ministro de Israel, Benjamin Netanyahu, com direito à banda de soldados, debaixo de chuva forte. O avião presidencial chegou ao aeroporto Ben Gurion, de Tel Aviv, pouco antes das 10h (4h de Brasília) deste domingo (31/03). O capitão reformado e sua comitiva eram aguardados pelo premier israelense na base.

Além de Bolsonaro, apenas outros quatro chefes de estado tiveram a mesma honraria do governo israelense: o ex-presidente dos Estados Unidos, Barack Obama, o presidente dos EUA, Donald Trump, o Papa Francisco e o primeiro-ministro Narendra Modi.

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[SAIBAMAIS]Uma chuva torrencial caiu sobre Tel Aviv durante a madrugada e atrapalhou bastante os preparativos para a cerimônia. A temperatura caiu para 12; C. Os espaços das tendas montadas estavam todos encharcados de água e até o tapete vermelho precisou ser coberto por plástico. Apesar da trégua na chegada de Bolsonaro, a chuva voltou a cair mais forte enquanto os chefes de estado discursavam.

Ambos fizeram um discurso formal de boas vindas. Netanyahu agradeceu em hebraico a viagem de Bolsonaro a Israel é a primeira fora das Américas ;em um momento de tensão;. Nenhum dos dois governantes tocaram no assunto da mudança da embaixada brasileira de Tel Aviv para Jerusalém. Nos últimos dias, em meio à polêmica que essa decisão pode causar com o mundo árabe, importante comprador das carnes brasileiras, o governo Bolsonaro pretende abrir uma representação comercial na cidade da Terra Santa, foco de conflitos religiosos. O presidente brasileiro fez questão de frisar que o Brasil tem muito o que aprender com Israel, que é um país rico sem riquezas naturais enquanto o Brasil, que muitas riquezas naturais, ainda é um país pobre. ;Olha o que eles não tem e veja o que eles são. E olha o que nós temos e o que não somos;, frisou ele, defendendo parcerias na área militar, de segurança e de tecnologia.

Em seu discurso, Bolsonaro iniciou e terminou com uma frase em hebraico, ;eu amo Israel; e errou a pronúncia do pronome. Ele também errou o ano em que visitou o país. Disse que foi ;há dois anos;, mas ele veio há três, ou seja, em 2016. Ele contou que teve a oportunidade de visitar o rio Jordão e fez questão de mencionar que o nome dele também é Messias.

;É uma honra voltar a Israel e realizo antes de completar 100 dias de governo firmemente decidido em firmar uma parceria entre os dois países que tem uma amizade histórica;, afirmou Bolsonaro, lembrando que o Brasil ajudou na criação do Estado de Israel após a Segunda Guerra Mundial, e citou o ex-ministro de relações exteriores Oswaldo Aranha, que ajudou a desenhar o Estado para abrigar os judeus outrora perseguidos.

Avião brasileiro em Israel

Ao longo do breve discurso, Bolsonaro voltou a citar a frase da Bíblia de João (8:23) usada durante a campanha:;Reconheceis a verdade e a verdade vos libertará;. O presidente destacou que os dois países também compartilham ps mesmos valores culturais e apreço pela liberdade e pela democracia. ;Juntos (sic) nossas nacionalidades podem alcançar grandes feitos;, afirmou. Bolsonaro também agradeceu a ajuda de Israel no desastre de Brumadinho (MG) e se mostrou ;entusiasmado com a potencialidade de parcerias;, afirmou ele, defendendo uma maior aproximação dos povos dos dois países, citando militares, estudantes, cientistas, empresários e turistas. ;Teremos dias muito produtivos e agradáveis;, completou.

Após a cerimônia de chegada do presidente brasileiro, que contou com a execução dos hinos nacionais dos dois países e a revista da guarda de Honra, Bolsonaro e sua comitiva deixaram o aeroporto com destino ao hotel, mas depois segue para o gabinete do primeiro-ministro onde foi realizada uma reunião ampliada na parte da tarde. Mais tarde, na residência do premier será realizada a cerimônia de assinatura dos acordos bilaterais. Estão previstos acordos na área de tecnologia, segurança, irrigação e dessalinização. Na sequência do evento será oferecido um jantar em homenagem ao presidente brasileiro e integrantes da delegação brasileira oferecido pelo Ministro de Energia de Israel, Yuval Steinitz.

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Agenda cheia


Bolsonaro fica em Israel até quarta-feira (03/04) e ficará hospedado no Hotel King David, cuja diária custa, em média, R$ 2 mil, e tem uma agenda cheia durante os quatro dias. Na segunda-feira (1;/4), ele tira o dia para fazer uma série de visitas, inclusive, ao Santo Sepulcro e ao Muro das Lamentações. No dia seguinte, ele e o premier israelense participam da abertura o encontro empresarial Brasil-Israel e de um almoço com empresários. À tarde, a agenda com visita Centro de Memória do Holocausto e ao Bosque das Nações, onde o presidente brasileiro deverá plantar uma muda de oliveira.

No quarto e último dia da visita oficial, o presidente brasileiro vai à cidade de Raanana visitar uma comunidade brasileira pela manhã, nas imediações de Tel Aviv, onde moram cerca de 300 famílias. A cidade tem Sinagoga com rabino brasileiro. A comunidade brasileira em Israel é composta por 13 mil cidadãos. O retorno está previsto para ocorrer às 11h40, mas não está confirmado.

Integram a comitiva os ministros das Relações Exteriores, Ernesto Araújo; de Minas e Energia, Bento Albuquerque; de Ciência, Tecnologia, Inovação e Comunicações, Marcos Pontes;

General Augusto Heleno, ministro-chefe do Gabinete de Segurança Institucional (GSI); e o chefe do Estado-Maior Conjunto das Forças Armadas, tenente-brigadeiro, Raul Botelho. Um dos filhos do presidente, o senador Flávio Bolsonaro (PSL-SP), também veio junto com mo pai na viagem.

Apesar da pompa da recepção dedicada a Bolsonaro, a imprensa israelense não deu muito destaque à vinda do presidente brasileiro ao país às vésperas das eleições presidenciais de Israel, no próximo dia 9. Apesar de sofrer denúncias de corrupção, Netanyahu pode concorrer, pois não foi condenado, e tem chances de vencer porque está fazendo alianças. Caso seja reeleito, será o quarto mandato do premier e o terceiro consecutivo. O líder israelense pertence ao Likud, legenda de centro-direita e um dos tradicionais partidos de Israel entre os mais de 30 registrados para esta eleição. Contudo, somente de 10 a 11 legendas devem conquistar o mínimo de 3,25% dos votos necessários para conseguir entrar no Parlamento. Vários integrantes do Likud participaram da cerimônia de boas vindas, mas o espaço destinado aos convidados estava praticamente vazio.

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