Regada a um bom vinho de corpo médio para acompanhar o filé de peixe com risoto de limão, a principal sugestão do cardápio daquela tarde de 30 de março, a conversa antecipava o que ocorreria 358 dias depois. As prisões de Temer e de mais nove pessoas, entre as quais o ex-ministro Moreira Franco, casado com a sogra do presidente da Câmara, Rodrigo Maia, caíram como uma bomba em Brasília. Sacudiram não só o Congresso, mas também vieram em um bom momento para o governo de Jair Bolsonaro, que enfrenta uma crise de relacionamento com o Parlamento.
Depois das críticas do presidente da Câmara ao projeto anticrime do ministro da Justiça, Sérgio Moro, é esperada uma nova reação da classe política contra a Lava-Jato ; ontem até . A CPI da Lava Toga, em gestação no Congresso para investigar o "ativismo judicial", é outro ponto que deve ter atenção especial nos próximos dias.
De resto, fica a certeza de que a reforma da Previdência ficará em segundo plano: o anúncio do relator da proposta na Comissão de Constituição e Justiça (CCJ) acabou adiado e a incerteza política tomou conta da capital federal. A prisão de Temer acionou o sinal de alerta das excelências. Muitos que viam a Lava-Jato como "adormecida", focada apenas nos desmandos da turma de Sérgio Cabral no Rio de Janeiro, agora enxergam a ação da força-tarefa do Ministério Público de outra forma, com outros nomes de peso do governo e do Congresso passado sob risco de parar na cadeia. Em breve, os próximos capítulos.