Criada em 1949, durante a Guerra Fria, a Otan é um pacto militar que, entre outras coisas, estabelece um acordo de defesa mútua entre os membros, em caso de ataques por outros países. A tensão na Venezuela ; que levou Brasil, Estados Unidos e outras nações a reconhecer o líder da oposição Juan Guaidó como presidente interino do país, no lugar de Nicolás Maduro ; é o principal fator apontado pelos especialistas para considerar a entrada do Brasil no grupo como mais interessante para os EUA.
"Hoje, neste momento, sem dúvida, (é mais interessante para os Estados Unidos), porque o Brasil não tem nenhuma crise de fronteira", analisa Wagner Parente, conselheiro e CEO da BMJ Consultores Associados. "A crise mais recente é a da Venezuela e, por isso, interessa tanto aos EUA ter um parceiro na América do Sul, uma área que, além disso, registra um aumento da influência chinesa e também tem sido sondada pela Rússia", acrescenta Parente, destacando ainda que o governo brasileiro já delcarou que não tem intenção de intervir militarmente no país vizinho.
Política externa
Professor e assessor de Relações Internacionais da Universidade Católica de Brasília (UCB), Creomar de Souza aponta que a participação do país na aliança pode ser também uma forma de "amarrar" a política externa brasileira à norte-americana "na agenda de defesa", "atendendo a um compromisso de campanha do grupo político de Bolsonaro".Por isso, para ele, a avaliação sobre se o acordo seria bom ou não para os brasileiros dependeria da perspectiva. "Para quem votou no presidente e tem a percepção de que o Brasil tem que estar mais próximo dos EUA do que da Venezuela, por exemplo, é positivo. Para que tem a percepção de que país deveria ter uma entrada mais independente nas relações internacionais, não", pontua.
O docente ressalta, contudo, que a participação do Brasil na Otan ainda "está no campo das ideias e das declarações". "Há uma distância da declaração pós-encontro e do que, de fato, vai se tornar política pública. Depende, por exemplo, dos outros membros. Como é um tratado internacional, também tem que ser validado pelo Congresso. São muitas variáveis", pondera.
Por fim, Creomar de Souza afirma que o ingresso na Otan pode ser uma condição imposta pelos EUA para que o Brasil consiga uma vaga na Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE): "Os EUA podem ter dito: ;Se quiser, terá que nos auxiliar na agenda de segurança;. É parte do jogo político".
Por fim, Creomar de Souza afirma que o ingresso na Otan pode ser uma condição imposta pelos EUA para que o Brasil consiga uma vaga na Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE): "Os EUA podem ter dito: ;Se quiser, terá que nos auxiliar na agenda de segurança;. É parte do jogo político".
Bolsonaro
O presidente Jair Bolsonaro falou sobre a possibilidade de o país ingressar na Otan, em entrevista coletiva, após reunião com Trump, em Washington. Questionado se estaria aberto à ideia de apoiar os EUA em uma ação militar contra a Venezuela, Bolsonaro criticou o governo de Maduro, lembrou que o Brasil auxiliou na tentativa de envio de ajuda humanitária e disse que os dois países discutem a inserção do país no pacto.
Quando os jornalistas insistiram na pergunta, o presidente brasileiro afirmou: "O Brasil está a postos para cumprir essa missão e levar liberdade de democracia para esse país que, há pouco, era um dos mais ricos, e que hoje sofre com pobreza. Temos que somar esforços para botar um ponto final nessa questão ultrajante para o mundo todo".
Trump, por sua vez, voltou a dizer que o apoio do Brasil está em discussão e que "todas as opções estão abertas", não descartando a possibilidade de uma ação militar no país venezuelano.