Em depoimento à Justiça, o ex-ministro Antônio Palocci afirmou, nesta segunda-feira (18/3), que houve o pagamento de propina em contratos envolvendo a compra de submarinos nucleares para a Marinha e helicópteros para o Exército durante o governo do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva.
De acordo com Palocci, os pagamentos ilícitos foram tratados em uma reunião entre Lula e o ex-presidente da França, Nicolas Sarkozy. "Sei que se tratou de ilícitos e houve pagamento de propina na compra de submarinos e de helicópteros. Não tenho indícios do envolvimento de militares ou do então ministro da defesa nos negócios ilegais. Mas do presidente Lula sim", disse Palocci.
Ele prestou depoimento como testemunha no processo que investiga o suposto tráfico de influência de Lula na compra de caças suecos para a Força Aérea Brasileira e na edição da MP 762, que concedeu benefícios fiscais para montadoras.
Sala esvaziada
Palocci explicou, ao juiz Vallisney de Souza, da 10a Vara Federal, como era a dinâmica para se negociar a propina no governo do ex-presidente. "Quando era pra falar de ilícitos, se retirava todo mundo da sala. Geralmente o Lula só conversava com o interlocutor envolvido no caso", disse.
Ele completou afirmando que "não se deixa testemunhas quando se vai falar de ilícitos". Palocci reafirmou ainda que o filho de Lula, Luís Cláudio, o procurou para arrecadar dinheiro para um projeto de futebol americano.
Ainda de acordo com o ex-ministro, a MP 762 é conhecida como a "campeã da propina" e que os negócios ilícitos em torno da medida envolveram o governo federal da época e "alguns deputados".
O advogado de Lula, Cristiano Zanin Martins, disse, na audiência, que Palocci tem interesses pessoais ao acusar Lula, pois firmou acordo de delação com a Polícia Federal.