A defesa do operador do PSDB relatou ao juiz que ele estava em uma cela de nove metros quadrados, com outros 11 presos, na Superintendência da PF, em Curitiba, e pediu a transferência para o Complexo Médico Penal, em Pinhais - região metropolitana da capital paranaense.
Os advogados do ex-diretor ressaltaram que na mesma cela haviam ;presos acusados de toda sorte de crimes (inclusive hediondos), em local absolutamente insalubre, onde não é possível nem mesmo sentar ou deitar durante todo o dia e/ou noite;.
Vieira de Souza foi preso em 19 de fevereiro pela Lava Jato do Paraná. O ex-diretor da Dersa ficou custodiado em São Paulo para acompanhar audiências de um processo na Justiça Federal paulista até a quarta-feira, 13, quando foi transferido para Curitiba.
Ao magistrado, o delegado relatou que ;tão logo recebido o preso Paulo Vieira nesta unidade de policia, foi ele encaminhado à carceragem onde ficou recolhido com o demais presos em situação absolutamente normal, porém separado da ala onde se encontram os presos decorrentes da operação Lava Jato, posto que em tal ala remanescem apenas presos que ostentam a condição de delatores;.
"Considerando as condições pessoais de Paulo Vieira noticiadas na petição retro e para evitar o acúmulo de presos em um único ambiente, será ele então, ainda na data de hoje, colocado em uma cela individual, normalmente usada para presos femininos e que e encontra ociosa", comunicou o delegado.
Alessandro Netto Vieira destacou que ;paralelamente, já estão sendo feitos contatos com o sistema prisional do Estado para providenciar a remoção dele (Vieira de Souza), visto preencher os requisitos de ser um preso preventivo e sem intenção de promover acordo de colaboração premiada;.
O ex-diretor da Dersa foi indiciado pela PF por lavagem de dinheiro e formação de quadrilha na quinta-feira, 14.
A Lava Jato afirma que o ex-diretor da Desenvolvimento Rodoviário S/A (Dersa), responsável por empreendimentos bilionários de governos do PSDB em São Paulo, disponibilizou, a partir do segundo semestre de 2010, R$ 100 milhões em espécie ao operador financeiro Adir Assad, no Brasil.
Assad entregou os valores ao Setor de Operações Estruturadas da Odebrecht, aos cuidados do doleiro Álvaro José Novis - que fazia pagamentos de propinas, a mando da empresa, para vários agentes públicos e políticos, inclusive da Petrobrás.
"Esse, por sua vez, repassou o dinheiro, ainda no exterior, mediante a retenção de comissões, diretamente a Paulo Vieira de Souza, ou, por vezes, a doleiros chineses, que se encarregavam de remeter os valores, também por meio de instituições bancárias estrangeiras, ao representado (Paulo Vieira de Souza)", narrou a Lava Jato.
A Procuradoria da República afirmou ainda que o ex-diretor da Dersa manteve R$ 131 milhões em quatro contas no banco Bordier & CIE, de Genebra, em nome da offshore panamenha Groupe Nantes SA, da qual o operador é beneficiário econômico e controlador. As contas foram abertas em 2007 e mantidas até 2017.
Antes de ser pego pela Lava Jato do Paraná, o operador do PSDB estava em recolhimento domiciliar integral e monitoramento por meio de tornozeleira eletrônica desde setembro do ano passado. A decisão havia sido tomada pelos ministros da Segunda Turma do Supremo após a prisão de Paulo Vieira de Souza pela Lava Jato de São Paulo.
Em um dos processos da Lava Jato SP, Vieira de Souza pegou 27 anos de prisão (sete anos e oito dias em regime fechado e 20 anos de detenção em regime semiaberto e aberto) por cartel e fraude à licitação. Em outra ação, o ex-diretor foi condenado a 145 anos e oito meses de prisão por peculato, inserção de dados falsos e associação criminosa.
Em 1; de março, Vieira de Souza virou réu pela terceira vez na Lava Jato SP. O juiz Diego Paes Moreira, da 6.; Vara Criminal Federal, recebeu uma denúncia da força-tarefa contra o ex-diretor da Dersa por corrupção passiva e lavagem de dinheiro. Quando Paulo Vieira de Souza foi preso no dia 19 de fevereiro, o PSDB declarou:
"O PSDB de São Paulo esclarece que não é parte no processo em questão e não mantém qualquer tipo de vinculo com o sr. Paulo Vieira, jamais recebeu qualquer contrapartida de empresas nem autorizou terceiros a fazê-lo em seu nome. Os recursos recebidos pelo partido, em período eleitoral ou não, foram doados de maneira absolutamente legal e declarados à Justiça Eleitoral, respeitando a legislação vigente."
"A Executiva Nacional do PSDB não foi informada sobre os detalhes do caso, mas reitera seu apoio e confiança na justiça brasileira, em vista dos esclarecimentos prestados pelo ex-senador Aloysio Nunes".