Rodolfo Costa
postado em 07/03/2019 19:40
O presidente Jair Bolsonaro retomou a estrutura de comunicação que o elegeu para se comunicar com a sociedade e se defender. Em transmissão ao vivo em uma rede social, o chefe do Palácio do Planalto sugeriu ter sido mal interpretado após declarar que só "existem democracia e liberdade quando as Forças Armadas assim o querem". O presidente ainda defendeu a reforma da Previdência, a medida provisória (MP) que prevê pagamento de contribuição sindical via boleto bancário e ressaltou que o governo editará uma proposta que eleve a validade da carteira de habilitação de cinco anos para 10 anos.
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É a primeira vez Bolsonaro usa uma "live" para se comunicar com a sociedade desde que assumiu o Planalto. A estratégia de comunicação foi muito utilizada durante a campanha, e era cobrada por líderes partidários para aprovar a reforma da Previdência. No início da transmissão, o presidente usou o espaço na rede para comentar sobre a frase polêmica. "Devemos às Forças Armadas a nossa democracia e nossa liberdade. E assim é em todo lugar do mundo. E essa fala começou a levar para o lado das mais diversas interpretações possíveis", comentou.
O ministro-chefe do Gabinete de Segurança Institucional (GSI) da Presidência da República, Augusto Heleno, participou da transmissão e endossou a explicação do presidente. "Isso não tem nada de polêmico, ao contrário. Suas palavras foram ditas de improviso para uma tropa qualificada e foram colocadas exatamente para aqueles que amam a sua pátria e àqueles que vivem diariamente o problema da manutenção da democracia e da liberdade", justificou.
Os regimes cubano e venezuelano foram usados por Heleno como exemplos de quando as Forças Armadas não querem liberdade e democracia. "Por que (Nicolás) Maduro é mantido (na Venezuela)? Porque as Forças Armadas estão segurando o presidente já praticamente deposto. Por que Fidel Castro durou o tempo que durou? Porque as Forças Armadas mantiveram a ditadura cubana. De acordo com a determinação das Forças Armadas, isso acaba sendo fator fundamental do regime político do país. No caso do Brasil, é claro que as Forças armadas são o pilar da democracia e da liberdade;, sustentou.
O presidente declarou, na transmissão ao vivo, que a ideia da reforma da Previdência é combater todos os privilégios. Ressaltou, assim, que inclusive os militares estarão sujeitos a novas regras. "Respeitando as especificidades", disse. No texto encaminhado pelo governo, destacou Bolsonaro, parlamentares também se aposentarão com o teto do Instituto Nacional do Seguro Seguro Social (INSS), de R$ 5,8 mil. "Assim como as demais categorias. E não é porque eu quero. Precisamos fazer uma reforma da Previdência. Está mais do que deficitária", ponderou.