A pedido da defesa do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, um instituto de perícia documentoscópica analisou a sentença da juíza Gabriela Hardt sobre o sítio de Atibaia e constatou que ela aproveitou "o mesmo arquivo de texto" da decisão do, agora, ministro Sérgio Moro sobre o caso do tríplex no Guarujá. A informação foi divulgada nesta terça-feira (26/2) pela coluna Painel, da Folha de S. Paulo.
De acordo com a publicação, o Instituto Del Picchia ; com sede em São Paulo ; encontrou similaridades nos dois textos e até um trecho copiado, na penúltima página, com referência a um "apartamento". No último dia 6, Lula foi condenado a 12 anos e 11 meses de prisão por corrupção passiva e lavagem de dinheiro no caso envolvendo um sítio em Atibaia (SP). Antes, em julho do ano passado, ele já havia sido considerado culpado ; pelo então juiz federal Sérgio Moro ; pelos mesmos crimes, mas no caso que envolvia um apartamento tríplex no Guarujá (SP).
Pelo Twitter, a equipe do ex-presidente afirmou que a sentença "usou o mesmo arquivo de Moro" e sugere que o Ministro da Justiça pode ter escrito a nova condenação. A postagem ainda diz que a decisão "tem vários erros, como considerar o mesmo delator duas vezes: uma pelo nome, outra pelo apelido".
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O laudo da perícia deve ser anexado aos recursos que a defesa de Lula pretende apresentar a instâncias superiores. Procurada pela reportagem, a juíza Gabriela Hardt informou que não irá se manifestar sobre a acusação.
"Erro material"
Nessa segunda-feira (25/2), o Ministério Público Federal apontou "omissões e contradições por erro material" na sentença da juíza federal Gabriela Hardt. Segundo a Procuradoria da República, Lula foi denunciado por dez crimes de corrupção passiva. "Em alguns pontos da sentença houve menção à prática do crime de corrupção ativa por Luiz Inácio Lula da Silva", relatou a Lava-Jato. "Tratando-se de mero erro material, o Ministério Público Federal requer seja essa contradição retificada, para que passe a constar o crime de corrupção passiva."
Depoimento
Lula prestou depoimento à Polícia Federal nesta terça. Por videoconferência, o ex-presidente foi ouvido pela delegada Luciana Fuschini, da PF de Santos. O depoimento do petista ocorre no âmbito do inquérito que investiga a ocupação pelo Movimento dos Trabalhadores Sem Teto (MTST) e da Frente Povo Sem Medo ao Condomínio Solaris, em São Paulo, especificamente ao tríplex na cobertura do prédio, no Guarujá.